O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski retirou nesta segunda-feira, 1º, o sigilo da ação em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva obteve direito a acessar mensagens apreendidas na Operação Spoofing, que mirou os hackers responsáveis pela invasão de celulares de membros da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná. Com a decisão de Lewandowski, foram divulgadas cinquenta páginas de diálogos entre o ex-juiz federal Sergio Moro, o ex-coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, e grupos de mensagens dos procuradores.
Parte das mensagens tornadas públicas hoje, 34 gigabytes dos 740 gigabytes a que a defesa teve acesso, já havia sido publicada pelo site The Intercept Brasil e veículos de imprensa que também analisaram o material, incluindo VEJA. Lewandowski determinou no último dia 22 que os advogados de Lula acessem os 7 terabytes de dados apreendidos, procedimento que começará hoje. Leia aqui as cinquenta páginas divulgadas nesta segunda-feira.
“A análise preliminar realizada mais uma vez mostra que o então juiz SERGIO MORO liderou uma verdadeira cruzada contra o RECLAMANTE, com a participação dos procuradores da República da “Lava Jato” e também de órgãos estrangeiros — inclusive norte-americanos e suíços. Tal circunstância revela, ainda, no ponto desta Reclamação, o caráter mendaz das afirmações lançadas nestes autos pelos citados procuradores da República a “Lava Jato” — bem como o caráter incensurável das rr. decisões que determinaram o compartilhamento dos arquivos da “Operação Spoofing”, diz a defesa do petista em petição ao ministro nesta segunda.
Na quinta-feira, 28, depois de Lewandowski impor sigilo sobre o processo, VEJA revelou com exclusividade parte do conteúdo apresentado ao STF pela defesa como sua “análise preliminar”, encaminhado aos advogados na quarta-feira, 27, pelo perito Cláudio Wagner, que mostra sete diálogos curtos entre o ex-juiz federal Sergio Moro e o ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, Deltan Dellagnol.
O conteúdo publicado por VEJA mostra Moro questionando o procurador da Lava Jato sobre uma denúncia contra Lula, orientando-o sobre o aproveitamento de provas e pedindo para ser “informado” sobre os desdobramentos de apurações. Deltan chega a sugerir ao então magistrado como conduzir a oitiva de um investigado e atende com rapidez um pedido de Moro para protocolar uma manifestação em uma ação, além de citar a ele reuniões com “suíços” e “americanos”.