Leite vai apoiar candidata de esquerda contra os nomes de Lula e Bolsonaro
Em Porto Alegre, convenção do PSDB decidiu apoio a Juliana Brizola, do PDT; Tucanos não terão candidato pela primeira vez em 20 anos
Apesar do esforço do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), os tucanos não terão candidato próprio nas eleições de Porto Alegre pela primeira vez em 20 anos. No domingo, 4, a convenção do partido decidiu apoiar a candidata do PDT, a ex-deputada estadual Juliana Brizola — neta do ex-governador Leonel Brizola –, em contraponto aos aliados de Lula e Jair Bolsonaro – respectivamente, Maria do Rosário (PT) e o atual prefeito Sebastião Melo (MDB).
“A sociedade vai continuar empurrando para Lula ou Bolsonaro. Há a polarização política. E nós não queremos estar nos extremismos”, disse o vereador Moisés Barboza, presidente do PSDB de Porto Alegre. Para ele, o partido não pode estar no palanque do petista, nem do ex-presidente, porque os planos para 2026 dos dois maiores líderes políticos do país não incluem a nominata de Porto Alegre da federação PSDB/Cidadania.
Apesar do discurso do chefe do PSDB porto-alegrense, o Cidadania, que faz federação com os tucanos, resolveu seguir, de forma extraoficial, um caminho diferente. Assim como no Rio de Janeiro, o Cidadania vai apoiar a reeleição do prefeito na capital gaúcha. “O Cidadania fez parte do governo Melo, fez parte da transformação da cidade. Não tem como o Cidadania não estar com Sebastião Melo”, afirmou o candidato a vereador Marcos Felipi. Ele disse inclusive, que o atual chefe do Executivo porto-alegrense vai aparecer em seu material de campanha.
“Essa decisão [de apoio a Juliana Brizola] não pensou em Porto Alegre. Essa decisão pensou em outras coisas. E quem deveria estar aqui para explicar porque decidiu isso, não está”, criticou Felipi.
Eduardo Leite não foi à convenção de Porto Alegre, assim como a presidente estadual do partido e prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas. Barboza, o chefe do PSDB de Porto Alegre, disse que a organização municipal do partido participou do debate com as executivas estadual e nacional que selou o apoio ao PDT.
Acordo com o PDT
A aliança entre PSDB e PDT em capitais não é exclusividade de Porto Alegre. Em Fortaleza, os tucanos e pedetistas também estarão juntos na campanha de reeleição de José Sarto (PDT). Na capital cearense, Élcio Batista, do PSDB, será candidato a vice. A oficialização de Batista na chapa do atual prefeito também ocorreu no domingo, 4.
Diferente de Fortaleza, em Porto Alegre, os tucanos vão apoiar o PDT sem indicar um vice para a chapa. Juliana Brizola lançou a candidatura no sábado, 3, e confirmou Thiago Duarte (União Brasil) como vice.
Além de carregar um dos sobrenomes mais importantes da esquerda brasileira, a neta de Leonel Brizola apoiou, em 2020, a candidata do PC do B, Manuela D’Ávila, no segundo turno das eleições de Porto Alegre, contra o atual prefeito Sebastião Melo. Em 2022, nas eleições presidenciais, Juliana apoiou o pedetista Ciro Gomes e, no segundo turno, declarou voto em Lula contra Jair Bolsonaro.
Com Carlos Lupi, o PDT ocupa o ministério da Previdência no governo do petista. Em janeiro deste ano, Juliana Brizola encontrou com o ministro em São Paulo. Na ocasião, o partido declarou apoio oficial à pré-candidatura de Guilherme Boulos na capital paulista.
Busca do PSDB por candidatos
Dentro do próprio diretório municipal do PSDB em Porto Alegre, admite-se que a movimentação para eleição na capital gaúcha foi tardia. Após conversas com Aécio Neves e Marconi Perillo, o governador Eduardo Leite tentou encontrar um candidato para a disputa porto-alegrense.
O ex-prefeito Nelson Marchezan Júnior foi consultado para seguir na candidatura, mas as conversas não avançaram. A deputada estadual Delegada Nadine e o ex-vice-governador Ranolfo Vieira Júnior também foram especulados, sem sucesso. O PSDB tentou achar uma solução fora do partido, mas dentro da federação. Com bom desempenho nas eleições de 2022, a deputada Any Ortiz (Cidadania) também foi sondada para o cargo.
Diante dos entraves nas negociações, o PSDB não terá candidato próprio na capital gaúcha pela primeira vez em 20 anos. Desde a redemocratização, os tucanos só não tiveram candidato em 1988 e em 2004, quando Paulo Brum foi candidato a vice de Onyx Lorenzoni. Desde 1992, os tucanos sempre apresentaram um postulante à prefeitura de Porto Alegre. De lá para cá, Mercedes Rodrigues, a ex-governadora Yeda Crusius e o ex-prefeito Marchezan Jr foram candidatos pelo PSDB.