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A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Investigados na ‘Abin paralela’ xingam e ameaçam ministros do STF

Magistrados Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Dias Toffoli foram alvos de monitoramento ilegal motivado por notícias falsas

Por Isabella Alonso Panho Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 11 jul 2024, 16h34

O relatório da Polícia Federal (PF) divulgado nesta quinta-feira, 11, sobre o caso da “Abin paralela” que teria operado durante o governo Jair Bolsonaro mostra conversas entre os investigados com ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e menção a uso de violência. Os monitoramentos ilegais feitos sobre Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux tiveram como justificativa um robusto arsenal de notícias falsas.

No dia 12 de agosto, dois servidores membros do núcleo da organização criminosa, Marcelo Araújo Bormevet e Giancarlo Gomes Rodrigues, comentaram uma notícia de que Moraes havia afastado o delegado Victor Neves Feitosa Campo da investigação sobre uma tentativa de ataque hacker ao STF.

Rodrigues diz ao chefe “tá ficando f. isso. Esse careca tá merecendo algo a mais”, e ouve como resposta: “só 7.62”. O número é o calibre de um tipo de fuzil. Em resposta a Bormevet, o investigado responde “head shot” (traduzido, do inglês, tiro na cabeça”).

Servidores da Abin falam em 'tiro na cabeça' de Moraes em conversa interceptada
Servidores da Abin falam em ‘tiro na cabeça’ de Moraes em conversa interceptada (Divulgação/STF)

Semanas antes dessa conversa, Rodrigues fez uma busca a pedido de Bormevet de supostos vínculos do ministro com o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, atual número 2 da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Nada foi encontrado.

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Em outro diálogo interceptado pela PF, Bormevet envia um abaixo-assinado pedindo o impeachment do ministro. Rodrigues responde que “com esse careca filho da puta só tiro mesmo. Impeachment dele não sai”. O chefe responde dizendo que leu no X (antigo Twitter) que haveria um “rolo” de Moraes com o presidente do PTB em prol da prisão de Roberto Jefferson — detido em outubro de 2022 após atacar agentes da PF com tiros e granadas.

Conversas entre os servidores investigados da Abin
Conversas entre os servidores investigados da Abin (Divulgação/STF)

‘Mandar bala para sentar o pau’

Os agentes investigados pela PF fizeram monitoramentos sobre os ministros Luís Roberto Barroso e Luiz Fux por causa de publicações feitas em redes sociais e de um suposto vínculo deles com o Itaú, por causa de um serviço que a empresa Positivo prestou ao TSE.

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“A partir de uma publicação  no Twitter (hoje, X) sobre urnas eletrônicas e de declarações do perfil ‘Kim Paim’ (blogueiro bolsonarista), Bormevet determinou ao subordinado Giancarlos (Rodrigues) que ‘mandasse bala’ para ‘sentar o pau’ no assessor do ministro Luís Roberto Barroso”, diz o relatório da PF.

O resultado do que a corporação chamou de “ação de desinteligência” foi divulgado em um grupo chamado “Grupo dos malucos”, que fazia a disseminação de notícias falsas em redes sociais. O documento da investigação diz que “o ataque ao ministro Luiz Fux e seus familiares foi realizado por meio dos perfis cooptados pela organização criminosa que serviam como vetores de propagação de informações falsas”.

‘Indicação’ de Toffoli

O monitoramento ilegal sobre Toffoli foi por causa de uma notícia falsa de que o diretor-geral da Polícia Federal do Rio, Paulo Maiurino, seria um apadrinhado do ministro e vinculado ao ex-governador Wilson Witzel. Bormevet pede a Rodrigues que monitore o magistrado para “confirmar” a inverdade partindo da premissa de que o novo delegado era “zero currículo e indicação do Toffoli”.

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Maiurino foi da segurança do Supremo durante a presidência de Dias Toffoli. Ele desempenhou funções de segurança tanto em governos do PT quanto do PL e é delegado da PF há 25 anos.

Candidatura na mira

A operação desta quinta-feira e os relatórios que vieram a público fragilizam a pré-candidatura do aliado de Bolsonaro, Alexandre Ramagem. O delegado da PF ensaia disputar a prefeitura do Rio de Janeiro, mas é mencionado no relatório do caso da “Abin paralela” e chefiava o órgão enquanto todos os monitoramentos ilegais foram realizados.

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