O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, afirmou que o governo federal está “fazendo o que pode” na área ambiental. A gestão enfrenta um momento conturbado, com incêndios no Pantanal, greve dos servidores ambientais e números preocupantes de desmatamento no Cerrado, como mostra reportagem de VEJA na edição desta semana.
Em 2023, o ritmo do desmatamento no Cerrado ultrapassou o da Amazônia pela primeira vez, totalizando mais de 1 milhão de hectares e aumento de 67,7% em relação a 2022, segundo levantamento do Mapbiomas. No entanto, dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) divulgados na quinta-feira apontam tendência de queda do desmatamento em 2024, com redução de 15% nos alertas no primeiro semestre.
“Uma parte significativa desse desmatamento é autorizado pelos estados. Isso complica muito as nossas ações. Acho que o governo está fazendo o que pode na área ambiental’, afirma Agostinho. “O Cerrado é a grande caixa d’água do Brasil. A gente precisa convencer os setores de que o Cerrado precisa ser mantido em pé, sob pena do agro não ter água para produzir”, acrescenta.
Segundo o presidente do Ibama, além do plano de prevenção do desmatamento (PPCerrado), há um diálogo com os estados para que revejam seus sistemas de autorização e sejam mais criteriosos.
Pantanal
Agostinho também comentou as queimadas no Pantanal. O governo montou uma sala de situação coordenada pela Casa Civil, colocou cerca de 500 funcionários em campo, incluindo brigadistas do Ibama, integrantes da Força Nacional e bombeiros, além de catorze aeronaves e oito embarcações. Lula também assinou um pacto com governadores para combater os incêndios.
“Alguns incêndios que aconteceram em fazendas a gente está investigando com a Polícia Federal. A gente não descarta que possam ter incêndios criminosos. O fogo está muito concentrado em Corumbá, no Mato Grosso do Sul. É o município que tem as maiores taxas de desmatamento do Pantanal dos últimos anos. Então, isso também está sendo avaliado. A gente não tem como acusar absolutamente ninguém, mas se a Polícia Federal encontrar responsáveis, serão indiciados”, declarou.
Greve
No dia 1º de julho, os servidores do Ibama entraram em greve por reajuste salarial e melhores condições de trabalho. A categoria está mobilizada desde janeiro, quando suspendeu a maioria das ações de fiscalização, focando apenas em atividades internas e burocráticas. A negociação com o governo federal já dura nove meses.
Segundo Agostinho, a paralisação afetou setores estratégicos, principalmente de atendimento ao público, importação e exportação de produtos e licenciamento. “É uma greve que começou com muita força na segunda-feira. A gente está bastante ansioso, com muita esperança de que saia um acordo nos próximos dias”, disse.
Na sexta-feira, 5, a greve foi suspensa por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A decisão atendeu um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), que argumenta que as atividades são de caráter essencial.