Foragido, cacique Sererê Xavante tenta evitar prisão na Argentina
Advogado do líder indígena diz que ele saiu de La Plata, onde buscava asilo político, porque acha que a província é comandada por 'comunistas'
José Acácio Sererê Xavante, o cacique Sererê Xavante, que foi uma das figuras célebres dos movimentos de bolsonaristas que precederam o 8 de Janeiro, é um dos brasileiros que estão foragidos na Argentina, para onde foram em busca de asilo político. Segundo o advogado que o representa em inquéritos no Supremo Tribunal Federal, Geovane Veras Pessoa, o líder indígena bolsonarista teve a prisão decretada por descumprimento de medidas protetivas, mas não foi condenado e não é um dos nomes da lista enviada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, para as autoridades argentinas, pedindo a extradição de 63 foragidos — quatro foram presos e outros 59 ainda permanecem em fuga. A defesa do cacique acredita que seus crimes são de menor potencial ofensivo e as chances de extradição são baixas.
O cacique Sererê Xavante chegou à Argentina em julho deste ano. Ele foi detido em 12 de dezembro de 2022, durante protestos ocorridos no dia da diplomação de Lula e Geraldo Alckmin, e solto no dia 9 de setembro de 2023, mas deveria usar tornozeleira eletrônica como medida cautelar. O indígena se diz um perseguido político e, por isso, atravessou a fronteira. Na Argentina, foi para La Plata, destino de muitos outros bolsonaristas, mas agora está de mudança para outro endereço. Na visão do advogado, a província de La Plata é comandada por “comunistas” e lá seu cliente também era perseguido. Ainda que improvável, eles ainda contam com o presidente argentino Javier Milei para impedir a extradição dos brasileiros.
Pastor evangélico e líder indígena, Sererê Xavante foi uma das figuras de maior destaque durante os protestos em Brasília logo após a eleição e que serviram de prenúncio do que viria em janeiro do ano seguinte. Ele foi preso após uma manifestação no Palácio do Alvorada. Indignados com a detenção do cacique, bolsonaristas invadiram a sede da PF em Brasília no dia 12 de dezembro de 2022.
Detidos na Argentina
Reportagem de VEJA mostrou como os três primeiros brasileiros foragidos dos atos antidemocráticos foram presos na Argentina após um endurecimento das regras de imigração e de o juiz federal argentino Daniel Rafecas acatar o pedido de extradição enviado por Moraes.
Após a publicação, mais um brasileiro foi detido. Trata-se de Joel Borges Correa, de 48 anos, apontado como um dos participantes dos distúrbios de 8 de janeiro. Ele foi pego na terça-feira, a caminho da Cordilheira dos Andes, no Chile, para onde tentou fugir de carro. No Brasil, Correa foi condenado a treze anos e seis meses de prisão por abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de estado, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa armada.