O advogado Rodrigo Tacla Duran foi ouvido na tarde desta segunda-feira, 27, pela Polícia Federal e fez acusações contra o ex-juiz Sergio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol. Ele afirma ter depositado 613 mil dólares a um advogado ligado à deputada federal Rosangela Wolff Moro (União Brasil-SP), esposa de Moro, que é senador pelo União Brasil-PR. O objetivo do pagamento seria viabilizar uma delação premiada que teria o aval de Deltan e que, ao não prosseguir com os pagamentos, teria sido preso por Moro.
Em nota, Moro rebateu duramente as acusações de Tacla Duran, a quem chamou de “criminoso confesso e destituído de credibilidade”. “Trata-se de uma pessoa que, após inicialmente negar, confessou depois lavar profissionalmente dinheiro para a Odebrecht e teve a prisão preventiva decretada na Lava Jato. Desde 2017 faz acusações falsas, sem qualquer prova, salvo as que ele mesmo fabricou. Tenta desde 2020 fazer delação premiada junto à Procuradoria-Geral da República, sem sucesso. Por ausência de provas, o procedimento na PGR foi arquivado em 9/6/22”, diz Moro. O senador também afirma que “não teme qualquer investigação, mas lamenta o uso político de calúnias feitas por criminoso confesso e destituído de credibilidade”. Em suas redes sociais, Deltan foi na mesma linha: “Não é nada mais que uma história falsa, requentada pela terceira vez sem novidade e que já foi investigada pelo MPF e PGR, que a descartaram totalmente. Isso revela desespero”, postou.
Ex-colaborador da Odebrecht e acusado de ter atuado para lavar dinheiro de pagamento de propina a políticos, ele foi ouvido nesta segunda-feira, 27, pelo novo juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Eduardo Appio, que determinou que ele prestasse depoimento à PF. Na audiência com o juiz, Tacla Duran havia relatado crime de extorsão praticado pelos membros da Lava Jato.
O valor de 613 mil dólares, segundo Tacla Duran, seria a primeira parcela de um total de 5 milhões de dólares que ele afirma ter negociado para fechar um acordo. A oferta teria sido apresentada pelo advogado Carlos Zucolotto Júnior, sócio de Rosangela Moro, seis meses antes de ele ser preso, em 2016,
O primeiro pagamento teria sido feito no dia 14 de julho de 2016 para o escritório do advogado Marlus Arns, ligado a Zucolotto e Rosangela. Em entrevistas anteriores, Tacla Duran disse que pagou “para não ser preso”. Logo depois, ao não quitar o restante do acordo, ele teria tido a sua prisão preventiva decretada por Moro. Já fora do Brasil, acabou detido na Espanha, onde vive – ele conseguiu a liberdade provisória três meses depois.
No último dia 16 de março, o juiz Eduardo Appio revogou a ordem de prisão preventiva decretada por Moro. A decisão ocorreu três dias depois de o ministro Ricardo Lewandowski, do STF, ter determinado a suspensão de processos abertos contra ele com base em provas apresentadas por delatores da Odebrecht. “O cidadão Tacla Duran tem, a meu ver, o direito de exercer seus direitos de defesa (devido processo legal substantivo) em liberdade, até que sobrevenha eventual condenação (até porque se encontra hoje amparado em recentíssima decisão do Egrégio Supremo Tribunal)”, anotou o juiz.
Na semana passada, Appio determinou a repatriação de 3,5 milhões de dólares guardados em duas contas na Suíça em nome de Duran. O dinheiro deve ser devolvido aos cofres da Petrobras.