‘Estou preocupado, Brasil não era assim’, diz Barroso sobre ataque ao STF
Presidente da Corte comentou atentado com bomba ao Supremo e plano para assassinar Lula, Moraes e Alckmin e criticou discussão sobre anistia
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso disse, nesta quinta-feira, 21, que aumentou o nível de preocupação da Corte com os ataques contra a democracia e contra os seus ministros. Ao comentar o ataque feito a bomba por Francisco Wanderley Luiz na quarta-feira, 13, e o plano para assassinar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes — que levou cinco pessoas para atrás das grades na última terça, 19, em operação da Polícia Federal —, Barroso disse que “o Brasil não era assim”.
A declaração foi feita durante um evento em São Paulo. “Nós estamos preocupados. Eu estou, sobretudo, preocupado porque o Brasil não era assim. E nós fazemos uma reflexão: o que aconteceu para a gente ter esse tipo de atitude? De pessoas pensando em assassinar agentes públicos por meio de homem-bomba? Onde foi que nós perdemos a nossa alma afetuosa, alegre e irreverente, para essa nova modalidade raivosa, agressiva, perigosa? Nós precisamos botar esse gênio de volta na garrafa”, afirmou o ministro.
A operação da última terça, que prendeu quatro militares e um policial federal, sob suspeita de planejarem a morte do presidente, do seu vice e de Moraes, reduziu as chances de uma anistia a Jair Bolsonaro. Espera-se que nesta quinta a Polícia Federal entregue ao STF o relatório da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado, indiciando o ex-presidente e vários aliados.
Barroso disse que a investigação não tem tom político — um dos argumentos usados por Bolsonaro é o de que há uma espécie de perseguição institucional a sua figura. “Não estamos falando de opções políticas, estamos verificando se houve crime ou se não houve crime”, disse o presidente do Supremo. Ele também defendeu que os responsáveis pelos ataques do 8 de Janeiro continuem sendo punidos, para evitar a repetição do episódio, e criticou as propostas de anistia. “Se a gente não punir isso, na próxima eleição quem perder vai achar que pode fazer a mesma coisa. As pessoas querem anistiar antes de julgar”, afirma.