Empresas de filho do governador de MT são alvos de operação da PF
Segunda fase da Operação Hermes mira esquema de contrabando de mercúrio e lavagem de dinheiro
Duas empresas de Luis Antônio Taveira Mendes, filho do governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), estão entre os alvos da Operação Hermes, deflagrada pela Polícia Federal e pelo Ibama nesta quarta-feira, 8.
A ação apura crimes ambientais, contrabando de mercúrio, associação criminosa, receptação, e lavagem de dinheiro em quatro estados: Mato Grosso, São Paulo, Amazonas e Rio de Janeiro. Foram cumpridos 34 mandados de busca e apreensão, sendo dois em endereços ligados a Luis Antônio. A PF também solicitou a prisão temporária do filho do governador, mas o pedido foi indeferido pela Justiça Federal.
Luis Antônio tem 24 anos e é dono de uma lista longa de empresas. Uma delas, a mineração Casa de Pedra, já foi alvo de denúncia por suposto garimpo ilegal no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães. Como VEJA mostrou, a queixa de supostas irregularidades foi encaminhada ao Ministério do Meio Ambiente e ao Ibama em fevereiro deste ano. A PF não informou se essa companhia está entre os alvos da ação de hoje.
A primeira fase da Operação Hermes foi realizada em dezembro de 2022 e teve como alvo outros empresários, como o bilionário Valdinei Mauro de Souza, o “Nei Garimpeiro”, ex-sócio do governador Mauro Mendes. A investigação começou com uma empresa com sede em Paulínia (SP). Desde então, a PF identificou uma extensa cadeia de pessoas físicas e jurídicas envolvidas no comércio ilegal de mercúrio e ouro extraído de garimpos na Amazônia.
A segunda fase visa aprofundar as investigações e identificar provas do funcionamento do esquema. Segundo a PF, os envolvidos utilizavam empresas de fachada e laranjas para movimentação dos valores. O Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, era usado para o transporte do mercúrio ilegal.
Além das buscas, a Justiça determinou o sequestro de mais de 2,9 bilhões de reais em bens dos investigados para reparar os danos ambientais causados.
Em nota, a defesa de Luis Antônio Taveira Mendes disse que é “descabida e absurda” a inclusão do empresário na operação Hermes e declarou que ele “não exerce qualquer atividade de gestão, direção ou tomada de decisão nas empresas objeto da investigação, tampouco figura de forma direta como sócio das empresas investigadas.” O advogado afirmou ainda que as medidas cautelares são ilegais e serão questionadas na Justiça. “Por fim, o empresário reafirma seu compromisso com a verdade dos fatos, e se coloca à disposição da justiça para prestar todos os esclarecimentos que se fizerem necessários.”