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A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Denúncia sobre garimpo contra governador de MT chega a Marina Silva

Caso envolve suposta exploração ilegal de minério dentro do Parque Estadual Chapada dos Guimarães

Por Victoria Bechara Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 fev 2023, 19h55 - Publicado em 28 fev 2023, 10h24

O deputado estadual Valdir Barranco (PT-MT) encaminhou à ministra do Meio Ambiente Marina Silva e ao Ibama uma denúncia contra o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), por suposta prática de garimpo ilegal dentro do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães. A atividade estaria sendo promovida pela Mineração Casa de Pedra, localizada na estrada velha da Chapada, em uma Área de Proteção Ambiental nas margens do Parque Nacional. O governador é sócio da companhia, que também tem entre seus administradores o filho dele, Luiz Antonio Taveira Mendes, de 24 anos.

A empresa tem autorização concedida pela Agência Nacional de Mineração (ANM) para explorar ouro perto da região. A denúncia do deputado petista alega que o empreendimento teria se expandido para dentro do território do Parque Nacional e pede ao Ibama a investigação de supostas irregularidades.

A Maney Minerações LTDA, empresa de Mauro Mendes, consta como uma das sócias da Casa de Pedra. A Maney foi adquirida em sociedade entre o governador do Mato Grosso e Valdinei Mauro de Souza, conhecido como Nei Garimpeiro, bilionário do garimpo e alvo de investigação da Polícia Federal por compra de mercúrio ilegal em 2022. (O nome — Maney — é a junção das iniciais dos nomes dos dois). A empresa foi alvo de uma investigação por suposta fraude na compra. Ambos foram absolvidos pela Justiça em 2022.

Além da Casa de Pedra, o filho do governador também é sócio da Mineração Aricá, que possui autorizações para pesquisa de minério de ouro em Cuiabá e Nossa Senhora do Livramento. As licenças de garimpo concedidas à Aricá estão no nome de Ney Garimpeiro, foram renovadas em 2018 e venceram em setembro de 2022. Os processos, no entanto, seguem ativos na ANM.

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A denúncia contra o governador foi encaminhada ao Ibama no último dia 17. Segundo o deputado Barranco, ainda não houve retorno do Ministério do Meio Ambiente. “Esperamos que a ministra possa pedir uma apuração para definir se o garimpo está dentro da área do parque ou fora e qual o impacto ambiental”, afirma o deputado.

A reportagem de VEJA procurou o governador do Mato Grosso, que enviou uma nota à redação na qual não fala do envolvimento direto dele nas empresas Casa de Pedra e Maney. No texto encaminhado a VEJA, a assessoria de imprensa de Mauro Mendes cita apenas a participação de Luiz Antonio Taveira Mendes no negócio, assegurando que a denúncia é improcedente: “O filho do governador é acionista minoritário da empresa e a área de mineração está totalmente fora dos limites do parque”, diz o texto.

Em nota, Valdinei Mauro de Souza afirmou que não integra o quadro societário das Minerações Casa de Pedra e Aricá e que as licenças em seu nome não estão ativas. “Valdinei não integra quadro societário da Maney há cerca de seis anos e não possui nenhum tipo de sociedade com o governador de Mato Grosso”, declarou.

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Controvérsias 

A Chapada dos Guimarães é uma Unidade de Conservação (UC) criada pelo governo federal em 1989 para proteger o cerrado brasileiro. Em 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro, o parque foi concedido à iniciativa privada, mas a gestão continua sendo realizada pelo ICMBio, do Ministério do Meio Ambiente. Em janeiro, Mendes se reuniu com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e com Marina Silva para pedir a estadualização do parque. Ele afirma ter mais de 200 milhões de reais para investir no local. Entidades ambientalistas são contrárias à medida. Segundo elas, os mecanismos de controle e fiscalização sobre a Chapada dos Guimarães seriam enfraquecidos com uma eventual estadualização. 

O governador também enviou à Assembleia Legislativa do Estado uma PEC que, na prática, limita a criação de novas unidades de conservação como a da Chapada. A proposta prevê que a criação de novas áreas de preservação só poderá ocorrer após a regularização de 80% das UCs já criadas em Mato Grosso. O texto foi aprovado no último dia 15 de janeiro.

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