A maior fornecedora de oxigênio hospitalar do Brasil, a multinacional White Martins, informou nesta segunda-feira, dia 1º, que não detectou “até o momento” um aumento exponencial de demanda por oxigênio nas redes de saúde pública e privada em nenhuma outra região do país, com exceção de Manaus.
“Até o momento, entendemos que a situação sanitária vivida em Manaus não se reflete em outras regiões do Brasil”, comunicou, em nota, a VEJA a companhia, que está presente em todos os estados do país.
“De julho a novembro de 2020, o consumo acompanhou a média da primeira onda da pandemia, tendo uma pequena elevação em função da ampliação de hospitais com a instalação de novos leitos e ventiladores. Em dezembro de 2020, os índices de consumo de oxigênio começaram a ter um incremento em comparação com os meses anteriores, mas muito distante de um crescimento abrupto e exponencial como o registrado em Manaus”, diz o texto.
Desde o colapso na rede hospitalar de Manaus, que viu a média de mortes por Covid-19 multiplicar por três de dezembro a janeiro, cresceu os ruídos de que a crise poderia respingar em outros estados, principalmente os vizinhos.
Na última semana, integrantes do Ministério da Saúde alertaram que o oxigênio poderia ficar “apertado” em Roraima, que em situações normais costuma receber o insumo do Amazonas. Assim como o vizinho, o estado também recebeu mais de 10.000 litros de oxigênio do governo venezuelano na última semana — o insumo havia sido pedido pela secretaria estadual do governo Antonio Denarium (PSL).
Nesta segunda-feira, o Tribunal de Contas dos Municípios do Pará (TCM-PA) informou que 96 das 144 cidades têm estoque insuficiente de oxigênio para um possível “cenário crítico”. Municípios do interior paraense que fazem fronteira com o Amazonas chegaram a sofrer com a escassez do insumo e precisaram transferir pacientes em 20 de janeiro.
Além da questão do oxigênio, os estados da região norte têm sofrido com a falta de leitos de UTI e de profissionais da saúde para atender os pacientes do novo coronavírus. O problema é que a cada ampliação da estrutura hospitalar também aumenta o consumo de insumos, entre eles o de oxigênio.
Na nota, a White Martins também frisou que “como qualquer fornecedora deste insumo não tem condições de fazer qualquer prognóstico acerca da evolução abrupta ou exponencial da demanda”. Os responsáveis por essas leituras seriam as instituições de saúde, a quem compete “informar, formalmente e em tempo hábil, qualquer incremento real ou potencial de volume de gases às empresas fornecedoras”, conforme o texto.
O colapso no sistema de saúde em Manaus e a responsabilidade dos envolvidos na crise está sendo investigada pela Polícia Federal num inquérito que tramita sob sigilo no Supremo Tribunal Federal (STF).