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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Em Fortaleza, PDT de Ciro Gomes adota a estratégia de ‘ir para Paris’

Partido não apoia PT no segundo turno e decide pela neutralidade na disputa pela capital cearense

Por Valmar Hupsel Filho 10 out 2024, 18h22

Partido do ex-ministro Ciro Gomes, o PDT anunciou que não vai apoiar o candidato do PT à prefeitura de Fortaleza, Evandro Leitão, no segundo turno, quando ele terá confronto direto com o candidato bolsonarista do PL, André Fernandes. A legenda anunciou, em nota divulgada pelo presidente nacional do partido, deputado André Figueiredo, que ficará neutra na disputa na capital cearense.

“Entendo que, no cenário atual, os dois candidatos que disputam o segundo turno representam caminhos que, por um lado, não estão alinhados aos princípios e bandeiras que defendo, e por outro, não agradam ao modelo de gestão que considero adequado para o Ceará e para a nossa capital”, diz o texto.

A postura é semelhante à adotada por Ciro em 2018, quando ele concorreu à Presidência da República. Após o resultado do primeiro turno da eleição presidencial, que deixou Ciro de fora da segunda etapa, o então candidato do PDT viajou para Paris e não declarou apoio a Fernando Haddad (PT) no confronto direto  com Jair Bolsonaro (PL). Ciro só retornou ao país na véspera da votação do segundo turno.

Naquele ano Ciro iniciava o rompimento com o PT, partido ao qual era aliado. O ex-ministro fez uma campanha com fortes ataques ao partido e ao então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava preso pela Lava-Jato em Curitiba, e a Haddad. Ainda assim, esperava-se que ele declarasse apoio ao candidato do PT no segundo turno.

A viagem a Paris foi amplamente criticada pelos petistas e sacramentou o afastamento e virou até meme na internet. Ciro só falou sobre o assunto anos mais tarde, quando reafirmou ataques a Lula.

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Rompimento

No Ceará, no entanto, PDT e PT ainda mantinham uma aliança formada em 2006 e reafirmada a cada eleição. Em 2022, no entanto, a aliança se desfez em meio às articulações de quem seria o nome a representar o grupo na eleição para o governo do estado, para suceder o então governador Camilo Santana (PT) — hoje ministro da Educação.

Em abril de 2022, Santana deixou o governo para se candidatar ao Senado, e a então vice, Izolda Cela (PDT), assumiu o cargo. Embora filiada ao PDT naquele ano, Isolda vinha de anos de militância no PT.

O grupo liderado por Camilo Santana e o ex-governador (hoje senador) Cid Gomes advogava pela candidatura à reeleição da governadora que já estava no cargo.  O grupo liderado por Ciro, entretanto, queria que o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, que havia encerrado dois mandatos com altas taxas de aprovação, fosse o candidato ao governo do estado.

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Em convenção, Isolda derrotou Roberto Cláudio. A decisão provocou um racha no grupo. A aliança política foi desfeita e os irmãos Ciro e Cid pararam de se falar.

Na eleição deste ano, PDT e PT tiveram candidatos distintos. O PDT lançou o prefeito José Sarto à reeleição, enquanto o PT foi com o então presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, o deputado Evandro Leitão. Sarto, entretanto, não teve votos suficientes e foi o primeiro prefeito da história de Fortaleza a não seguir para o segundo turno.

Com a ida de Leitão para a segunda etapa, especulava-se sobre a possibilidade de reedição da aliança, já que ele vai para uma disputa direta com o candidato apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, adversário comum do PDT e PT A decisão de neutralidade mostra a intenção de manter a cisão entre as duas legendas.

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