Eduardo usa até teoria conspiratória para defender ida do pai a embaixada
Deputado questiona vazamento de imagens, cita possível ação de ‘serviço de inteligência de algum país’ e chama o ‘New York Times’ de ‘jornal esquerdista’
A reportagem do jornal americano The New York Times sobre a hospedagem de Jair Bolsonaro na embaixada da Hungria logo após ele ter sido alvo de uma operação da Polícia Federal e ter o seu passaporte apreendido mobilizou o bolsonarismo para tentar defender o ex-presidente da suspeita de que ele estaria avaliando a possibilidade de pedir asilo caso o cerco contra ele se fechasse ainda mais.
Um dos mais aguerridos na defesa do ex-presidente tem sido o seu filho Zero Três, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Desde que o caso veio à tona, na tarde de segunda-feira, 25, ele publicou ou compartilhou nada menos que nove posts na rede social X (antigo Twitter) e outros cinco stories em sua conta no Instagram relacionados à hospedagem do ex-presidente na embaixada húngara. Em algumas delas, o deputado adota o típico discurso bolsonarista sobre perseguição da imprensa e afirma com naturalidade que não há nenhum indício suspeito na “visita diplomática”.
Os perfis dos outros filhos parlamentares da família Bolsonaro, Flávio e Carlos, não foram tão incisivos na ofensiva para blindar o pai das críticas — o primeiro compartilhou dois posts de outras contas no Instagram em defesa de Jair, enquanto o segundo escolheu o silêncio total sobre a mais recente controvérsia que envolve o ex-presidente.
Nos posts, além de teorias conspiratórias, Eduardo questiona qual é o problema no fato de o ex-presidente ter passado três dias na embaixada. “O presidente Jair Bolsonaro sempre se relacionou com líderes e autoridades internacionais. Ao que parece, agora ir a embaixadas está sob suspeita. Não se sabe o motivo…”, afirma em um post. “Não sabia que ir a uma embaixada era crime…”, diz em outro.
Em outra publicação, ele elenca várias vezes em que o seu pai foi ao exterior após a derrota eleitoral e voltou de forma voluntária ao país. “Bolsonaro retornou dos EUA voluntariamente em março de 2023. Bolsonaro retornou da posse de Milei na Argentina voluntariamente em dezembro de 2023. Mesmo com passaporte apreendido, precisa de passaporte para entrar em embaixada? Qualquer fala de ‘fugir’ para embaixada, de qualquer país, beira a insanidade. Como Bolsonaro tentaria ‘fugir’ deixando mulher e filha menor para trás?”, questiona.
‘Serviço de inteligência’
Alguns posts de Eduardo Bolsonaro, no entanto, vão além do tom irônico e insinuam até mesmo o envolvimento da CIA (Central Intelligence Agency, órgão central da inteligência dos Estados Unidos) em uma suposta conspiração para incriminar Jair Bolsonaro. “Estranho como imagens de um circuito interno de TV de uma embaixada estrangeira vazam e ninguém se pergunta como. Serviço de inteligência de algum país?”, indaga Eduardo, acrescentando que as denúncias vieram de um “jornal esquerdista”, em referência ao New York Times, um dos mais influentes jornais do mundo.
Estranho como imagens de um circuito interno de TV de uma embaixada estrangeira vazam e ninguém se pergunta como.
-Serviço de inteligência de algum país?
-Hacker a serviço de quem?
-Por que um assunto do Brasil e Hungria foi vazado de um jornal esquerdista americano?
Somo… pic.twitter.com/sS4ByrOTkt
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) March 25, 2024
Uma das publicações compartilhadas pelo deputado, vinda de uma conta bolsonarista independente, traz um longo relato conspiracionista que acusa o Times de ser “uma fachada das agências de inteligência dos EUA” e parte de uma “estrutura tentacular internacional” — tudo isso para fortalecer a narrativa de que o ex-presidente seria alvo de um esquema global para incriminá-lo e evitar explicações sobre a sua visita à embaixada da Hungria.