Eduardo Bolsonaro quer liberar propaganda de armas na TV e na internet
Câmara debate proposta do deputado que permite a publicidade por fabricantes, vendedores e estandes de tiros em todos os meios de comunicação existentes

Em mais uma iniciativa do clã Bolsonaro para aumentar o armamento da população comum, um projeto de lei em tramitação na Câmara, de autoria do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), propõe liberar propagandas de armas de fogo e estandes de tiro.
Segundo o texto, será permitido “aos produtores, atacadistas, varejistas, exportadores e importadores de armas de fogo, acessórios e munições utilizarem veículos de comunicação social tais como jornais, revistas, rádios e TV, redes sociais ou qualquer meio de plataformas digitais e de aplicativos de mensagens para divulgação de peça publicitária que contenham imagens de arma de fogo, quaisquer que sejam suas formas de reprodução e apresentação”.
O texto reproduz o discurso do presidente Jair Bolsonaro de que é preciso permitir que as pessoas andem armadas e sinaliza para o bolsonarismo mais radical ao usar como justificativa a ideia de que armas permitem que o cidadão não se torne “presa fácil para ditadores”. “A história nos ensina que desarmamento é política prioritária de facínoras autoritários”, diz o texto da proposta.
Segundo o economista e técnico do Ipea Daniel Cerqueira, o projeto normaliza a compra de armas no país. “Seria mais ou menos o inverso que foi a campanha antitabagista, que teve tanto sucesso na redução de consumo de cigarro aqui no Brasil. A ideia é que as pessoas voltem a andar armadas. É a volta ao Velho Oeste, a volta ao passado”, diz Cerqueira. “Já foi provado na literatura científica internacional e nacional que mais armas levam a mais homicídios, mais feminicídios, mais mortes acidentais envolvendo crianças”, afirma.
Hoje, o projeto está em fase de realização de audiências públicas na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime da Câmara. A próxima reunião da comissão está marcada para esta terça-feira, 30, a partir das 16h. Entre os convidados para participar dos debates estão o ministro Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública) e Paulo Maurino, diretor-geral da Polícia Federal (PF), que não deverão comparecer.