O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), declarou ser um apoiador dos protestos marcados para o dia 12 de setembro, que estão sendo convocados pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e Vem pra Rua (VPR) contra o presidente Jair Bolsonaro.
“Eu apoio a manifestação do dia 12. Se Bolsonaro não sair pelo impeachment, ele sai pelo voto. (…) A manifestação é válida e óbvio que tem o nosso apoio”, disse Doria durante uma entrevista ao vivo feita pelo MBL. O governador ainda reforçou que há “crimes suficientes” para o impeachment do presidente, mas que “não há impeachment sem gente na rua” e que prefere derrotá-lo nas urnas.
A declaração ocorre num momento em que parte dos movimentos de direita tem se organizado para protestar contra Bolsonaro separada da esquerda, que já está nas ruas desde junho com o apoio de lideranças do PT e PSOL e centrais sindicais. Nas últimas semanas, Doria tem elevado o tom nas críticas a Bolsonaro, a quem chamou de “cretino completo” por “duvidar da própria eleição” ao defender o voto impresso e dizer que houve fraude em 2018. Em plena campanha nas prévias do PSDB, o governador se movimenta para conquistar espaço como o candidato da terceira via, que seria o anti-Bolsonaro e o anti-Lula em 2022 — “nem o horror nem o terror”, segundo o mantra que ele tem repetido em entrevistas.
No fim do ano passado, quando a guerra política da vacina contra a Covid-19 estava a pleno vapor, Doria conseguiu se firmar como antagonista do negacionismo de Bolsonaro, que chegou até a desautorizar a compra da vacina produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. No entanto, ele foi perdendo espaço na oposição para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que recuperou os direitos políticos após decisões favoráveis do Supremo Tribunal Federal em abril deste ano.
Analistas políticos avaliam que pode ser arriscada a estratégia de Doria de fazer ataques incisivos ao presidente, uma vez que parte do seu público-alvo, mais conservador, ainda nutre alguma simpatia por Bolsonaro e votou nele em 2018. “O Moro, por exemplo, aparece na frente das pesquisas porque ele está mais quieto. Então, sofre menos desgaste”, comenta Murilo Hidalgo, diretor e presidente do instituto Paraná Pesquisas. Outros, no entanto, veem como uma boa tática a rivalidade contra o presidente, mesmo que isso gere rejeição. “Por esse ponto de vista, a rejeição pode ser uma boa notícia à medida em que o candidato ganha projeção nacional”, diz Rodrigo Stumpf González, professor de Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.