Disparada do dólar vira artilharia para oposição a Lula nas redes sociais
Bolsonaristas resgatam antigas críticas de aliados do governo com ataques a Paulo Guedes por desvalorização do câmbio

A disparada do dólar, que vem subindo em ritmo acelerado nos últimos dias e que chegou a fechar na cotação de 5,66 reais na terça-feira, 2 — hoje, caiu para 5,56 –, tem gerado munição de sobra para a oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde ontem, nomes da direita vêm inundando as redes sociais com críticas ao encarecimento da moeda enquanto o governo federal busca formas de conter a desvalorização do câmbio.
Os disparos vêm, principalmente, de parlamentares aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo ex-integrantes de seu governo, como os senadores Rogério Marinho (PL-RN), Ciro Nogueira (PP-PI), Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e Damares Alves (Republicanos-DF), além do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filhos do ex-mandatário.
Nas publicações, os bolsonaristas resgatam críticas antigas de aliados do atual governo, como o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). Em uma postagem de 2021, quando a cotação da moeda americana flutuava em torno de 5,40 reais, o parlamentar de esquerda insinuava que o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, estava enriquecendo com a alta do dólar enquanto a população sofria com “menos poder de compra”.
https://twitter.com/BolsonaroSP/status/1808557935783784936
Outra postagem desencavada pelo deputado federal Mário Frias (PL-SP), datada da mesma época, traz o deputado federal Rui Falcão, ex-presidente nacional do PT, também comentando as suspeitas de enriquecimento ilícito contra Guedes. “Quanto Paulo Guedes lucrou hoje com o dólar a R$ 5,67?”, questiona o petista.
https://twitter.com/mfriasoficial/status/1808499939711783218
‘Governo não joga dinheiro fora’, diz Lula
Em tentativa de conter a disparada do dólar, Lula afirmou nesta quarta-feira, 3, que a responsabilidade fiscal é “compromisso” de seu governo e que a União “não joga dinheiro fora”. A declaração ocorreu após reunião entre o presidente e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na tarde de hoje.
A fala indica uma moderação em seu discurso, já que os temores de descumprimento das promessas de equilíbrio fiscal pelo governo estão entre os principais motores para a desvalorização da moeda brasileira. Nos últimos dias, os receios se intensificaram na esteira de recorrentes críticas de Lula ao Banco Central e seu presidente Roberto Campos Neto. O petista também chegou a dizer que não precisa “prestar contas a nenhum banqueiro”, agravando o desconforto do mercado.
Além das tensões entre o governo federal e o Banco Central, o dólar também tem subido vertiginosamente ao redor do mundo em razão da alta dos juros nos Estados Unidos. Em manobra para conter a inflação no país, o Fed (banco central dos EUA) entrou em um ciclo de elevações dos juros em 2021 que permanece até hoje, o que atrai investimentos de outros países para solo americano e tende a desvalorizar moedas de mercados emergentes, como o Brasil.