Prestes a completar seis anos desde que foi afastada do Planalto, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) saiu em defesa da vice-presidente argentina Cristina Kirchner em suas redes sociais nesta terça-feira, 23. Cristina enfrenta acusações de corrupção em licitações de obras que ocorreram durante seu mandato, de 2007 a 2015, e o Ministério Público da Argentina pediu 12 anos de prisão para ela, além da perda perpétua de direitos políticos.
Dilma, de forma indireta, traçou paralelos entre o processo enfrentado pela líder esquerdista argentina e a oposição que ela enfrentou pessoalmente no Brasil. A ex-presidente diz que até hoje nenhum tribunal argentino considerou válida qualquer acusação contra Kirchner e que o caso é “pura perseguição judicial e midiática”.
“É o método que a extrema direita adota no continente para interditar líderes que vivem no coração do povo”, escreveu Dilma em sua conta oficial no Twitter. Ela também mandou votos de “apoio e carinho” e a chamou de “companheira”. Dilma e Cristina presidiram os dois países ao mesmo tempo durante um período de cerca de quatro anos, a partir de 2011.
A vice-presidente e outras doze pessoas são acusadas de direcionar licitações de obras públicas na província de Santa Cruz para favorecer o empresário Lázaro Báez, que também é alvo no processe. Como ocupa o cargo no Executivo argentino e o cargo de presidente do Senado, é necessária uma autorização da Suprema Corte para que uma sentença condenatória, caso ocorra, seja cumprida. Cristina faz na manhã esta terça-feira um pronunciamento oficial em que apresenta sua defesa no caso. Ela chamou a acusação do MP argentino de “ficção”. A expressão “perseguição judicial e midiática”, utilizada por Dilma, consta também de uma nota oficial divulgada pela presidência da Argentina sobre a acusação.
Líder popular argentina, @CFKArgentina está sendo acusada pelo MP por supostas irregularidades que teriam ocorrido há mais de 15 anos e que jamais foram provadas. Seu direito à defesa foi violado, com o abusivo acréscimo de acusações que nunca haviam sido feitas.
— Dilma Rousseff (@dilmabr) August 23, 2022
As turbulências no país vizinho e a relação do PT com o governo do presidente Alberto Fernández são pontos que Jair Bolsonaro, candidato à reeleição no Brasil, pretende explorar durante a campanha eleitoral. Além de críticas frequentes à economia argentina, Bolsonaro tinha o nome do país escrito na mão esquerda durante a sua sabatina no Jornal Nacional, na noite desta segunda-feira. Na “cola” do presidente, a Argentina estava acompanhada de outros dois países latino-americanos governados por líderes de esquerda: Nicarágua e Colômbia.