Causou incômodo entre os delegados da Polícia Federal a declaração do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) contra as conclusões preliminares das investigações, que apontam que Adélio Bispo de Oliveira agiu sozinho no atentando em Juiz de Fora (MG), no início do mês — a PF abriu um novo inquérito para investigar a vida do agressor.
Em entrevista à Jovem Pan na última segunda, o deputado insinuou que o delegado Rodrigo Morais, responsável pelas apurações, age como “defesa” e tenta “abafar” o caso.
“O depoimento que vi do delegado da PF que está conduzindo o caso é realmente para abafar o caso. Lamento o que ouvi ele falando. Dá a entender até que age, em parte, como uma defesa do criminoso”, afirmou o presidenciável ainda internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Para o presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal, Edvandir Felix de Paiva, a credibilidade da instituição foi colocada em xeque sem qualquer fundamentação. “Por todos os trabalhos que já fez, a PF não merece esse tipo de desconfiança por parte da campanha do candidato Jair Bolsonaro”, disse a VEJA.
Também delegado, Paiva afirma haver “compreensão” da situação da vítima querer uma solução, além do componente político das declarações do presidenciável. Mas ressaltou que a investigação é técnica e não há compromisso prévio com qualquer resultado, como indicar um mandante ou não.
“Quem teve acesso à investigação e acha que ela está sendo mal feita deve trazer os motivos e, tecnicamente, apontar os erros. Nós seremos os primeiros a reconhecê-los. Até agora ninguém apontou nada. A PF está comprometida em esgotar as linhas investigativas. Se ao final chegar à conclusão de que houve mandante, ele será apresentado. Se não houver, a gente já apresentou quem cometeu o crime”.