Debates são nova frente de batalha entre Nunes e Boulos
Prefeito quer reduzir número de confrontos diretos enquanto o deputado pretende ir a todos

Passada a comemoração pela “classificação” para o segundo turno da disputa pela prefeitura de São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) iniciaram nesta semana novas frentes de batalha. A primeira delas é pela definição sobre a participação dos candidatos em debates organizados pelos meios de comunicação.
Enquanto o emedebista quer restringir a quantidade de confronto diretos, o candidato do PSOL pretende participar do maior número possível, e chamar o adversário de “fujão” naqueles em que ele não estiver presente.
Até agora, as campanhas receberam convites para doze debates com confronto direto entre Nunes e Boulos. O primeiro deles está sendo organizado pela rádio CBN e está previsto para a próxima quinta-feira. A campanha de Boulos já confirmou presença. A de Nunes, não.
Caso o prefeito não compareça, a previsão é que a emissora de rádio faça uma entrevista de uma hora com o candidato do PSOL. Em caso de ausência do adversário nos confrontos diretos, Boulos pretende usar o espaço e a audiência para alternar críticas à administração de Nunes e apresentar suas propostas para a cidade.
Na campanha do emedebista há a avaliação de que doze confrontos diretos entre os candidatos em pouco mais de quinze dias de campanha no segundo turno é um número excessivo. Internamente, discute-se a participação em até três debates.
Por isso, a campanha tem entrado em contato com os veículos de comunicação e sugerido que eles se agrupem para organizar os encontros conjuntamente, fazendo um “pool”, no jargão jornalístico. Segundo a campanha de Nunes, oito veículos já sinalizaram positivamente sobre a proposta de realização de pool, e quatro ainda não se manifestaram.
As estratégias de Nunes e Boulos refletem a posição que cada um terminou a primeira fase da disputa. Nunes saiu das urnas na liderança, com 29,48% dos votos, e é natural que ele queira restringir o número de confrontos diretos, para restringir os ataques do adversário.
Já Boulos, que obteve 29,07% e passou para a fase seguinte na segunda colocação, tem no confronto direto uma importante ferramenta para aumentar a rejeição do adversário e buscar o resultado. A diferença entre eles o primeiro turno foi de 25.012 votos.
Também pesam nas estratégias as simulações de segundo turno, que mostram que Nunes tem boa vantagem sobre Boulos.
Guerra de notas
Em nota divulgada nesta terça-feira, 8, a campanha de Nunes reitera que o limite máximo de três debates está de acordo com o histórico da quantidade de eventos deste tipo feitos no segundo turno de eleições anteriores em São Paulo. E resgatou uma declaração de Boulos, feita durante a campanha de 2020, em que ele fala da inviabilidade de participar de mais de trÊs debates no segundo turno do período eleitoral.
Em resposta, a campanha de Boulos afirmou, também por meio de nota, que a campanha adversária distorceu os fatos. Segundo o texto, a posição de Boulos foi externada em meio aos efeitos da pandemia, quando havia forte necessidade de restrição de aglomerações de pessoas. Além disso, conforme a nota, o intervalo entre o primeiro e segundo turno de 2020 foi de duas semanas, mais curto que o deste ano.