Eleito sob forte desconfiança da cúpula das Forças Armadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva promete investir 52,8 bilhões de reais nos próximos anos em projetos na área militar. O Novo PAC (Programa de Aceleração de Investimentos) estabelece volume de investimentos maior para a Defesa do que em áreas prioritárias como Saúde e Educação. Ao todo, o governo federal tem previsão de investir 371 bilhões de reais em nove eixos nos próximos quatro anos.
O montante de investimento previsto para a Defesa foi dividido entre as três Forças, sendo que à Marinha foi destinada a maior parcela (20,6 bilhões de reais). Para a Força marítima estão previstos a construção de um submarino nuclear e infraestrutura para ele, além de três outros diesel-elétricos, e a produção de onze navios-patrulha. Para a Aeronáutica está prevista a destinação de 17,4 bilhões de reais para projetos como a aquisição e produção de 34 caças Gripen e a compra de nove aeronaves de carga. Ao Exército o projeto prevê a compra de 714 viaturas blindadas, implementação de uma unidade de mísseis táticos de cruzeiro de longo alcance, aquisição de dez helicópteros e nove veículos não tripulados, além de incremento nas ações para proteção das fronteiras terrestres.
Como mostrou reportagem de VEJA desta semana, o alto investimento nas Forças Armadas ocorre no momento em que os militares enfrentam uma das mais sérias crises de credibilidade junto à população em razão do envolvimento de oficiais graduados em escândalos como a negociação de joias recebidas pela Presidência da República e a participação do Ministério da Defesa em conspiração golpista, como foi denunciado pelo hacker Walter Delgatti Neto em depoimento à CPMI do 8 de Janeiro.
Veja a lista de projetos militares e suas definições, segundo o Novo PAC:
MARINHA:
Programa Nuclear da Marinha (PMN): Construção da Planta Nuclear Embarcada (PNE) do Submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear (SCPN). Como objetivos intermediários, serão desenvolvidos e obtidos o Laboratório de Geração Nucleoelétrica – LABGENE, que é o protótipo em terra da PNE, e a infraestrutura do Ciclo do Combustível.
Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB): Construção no país do primeiro Submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear (SCPN). Além disso, o programa contribui para o aprimoramento e inovação da Força de Submarinos da Marinha do Brasil (MB), com a construção de quatro Submarinos Convencionais de Propulsão Diesel-Elétrica. Também está prevista a continuação das obras do Complexo Naval de Itaguaí (RJ)
Programa de Desenvolvimento de Navios-Patrulha (PRONAPA): Construção de navios-patrulha, que serão desenvolvidos e construídos em nível nacional, para emprego em ações de inspeção naval e na fiscalização de águas interiores, do mar territorial, da Zona Contígua e da Zona Econômica Exclusiva (ZEE).
Projeto Fragatas Classe Tamandaré: Promover a renovação da esquadra com a construção no país de quatro navios modernos, de alta complexidade tecnológica. As fragatas serão escoltas versáteis de significativo poder combatente, capazes de se contraporem a múltiplas ameaças e destinadas à proteção do tráfego marítimo, podendo realizar missões de defesa, aproximada ou afastada, do litoral brasileiro.
EXÉRCITO:
Programa Estratégico Força Blindada: Obter viaturas blindadas sobre rodas e sobre lagartas, além dos seus subsistemas componentes, como os sistemas de armas e comunicações, contribuindo na transformação da Infantaria Motorizada em Mecanizada (Inf Mec), na modernização da Cavalaria Mecanizada (Cav Mec) e da Infantaria e Cavalaria Blindadas (Bld).
Programa Estratégico ASTROS: Contribuir para a organização da artilharia de mísseis e foguetes do Exército Brasileiro (EB), possibilitando o aparelhamento da Força Terrestre com um sistema de apoio de fogo estratégico de longo alcance e de elevada precisão, capaz de empregar foguetes guiados e mísseis táticos de cruzeiro a um alcance de 300 Km, o que contribuirá para o fortalecimento da capacidade dissuasória do Brasil.
Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON):– Equipar o Exército com meios necessários para o monitoramento e o controle da faixa de fronteira terrestre brasileira, com o apoio de sensores, processadores e atuadores, entre outros meios tecnológicos.
Programa Aviação do Exército: Manter a aviação do Exército atualizada, face aos modernos meios e formas de combate existentes, contribuindo para a dissuasão extrarregional; para a ampliação da projeção do EB no cenário internacional; para o desenvolvimento sustentável e para a paz social.
AERONÁUTICA:
FX-2: Reequipar a frota de aeronaves militares de combate, para proteção do território nacional e manutenção da soberania do espaço aéreo brasileiro. A iniciativa prevê a aquisição/produção de aeronaves de caça multiemprego (F-39 Gripen NG), a fim de ampliar a capacidade da FAB no cumprimento das tarefas de controle aeroespacial, interdição, inteligência, reconhecimento e proteção da Força, entre outras. O projeto contempla, também, os periféricos necessários para suporte e emprego do equipamento com capacidade de combate de última geração.
KC-390: Desenvolver e adquirir aeronaves de transporte multimissão, tipo cargueiro, para a realização de missões de transporte aéreo logístico (tropa e carga) em território nacional e/ou global, reabastecimento, evacuação aeromédica e combate a incêndio em voo, bem como a adequação da infraestrutura das bases aéreas para suporte e operação desses equipamentos.
KC-X: Aquisição de aeronaves para missões de reabastecimento em voo, transporte aéreo logístico (carga e passageiros), ações humanitárias e evacuação aeromédica, nacionais ou internacionais. São as maiores já operadas pela FAB, com elevada capacidade para transporte de carga e para percorrer grandes distâncias.
Transporte e Reabastecimento: Conversão das aeronaves de transporte A330-200 da FAB para reabastecimento em voo, com preparo para evacuação aeromédica, além de materiais, equipamentos e serviços.
HX-BR: Aquisição de helicópteros de médio porte destinados à tarefa de sustentação ao combate e de interdição, bem como para missões de treinamento, podendo ser utilizados, também, em ações humanitárias, de integração nacional e cívico-sociais. Além disso, o projeto prevê aquisição de armamentos específicos para helicópteros, sistemas de integração, suporte logístico, simuladores de voo e transferência de tecnologia na área de aeronaves de asas rotativas.
TH-X: Aquisição de helicópteros leves para instrução na FAB, e instrução e operação em ambientes marítimos na MB. Os equipamentos irão substituir e padronizar as frotas de helicópteros leves da FAB e da MB, propiciando o aumento da interoperabilidade e a efetividade do emprego.