Como um ex-herói da Polícia Federal foi parar na lista suja da Serasa
Um apartamento de 1 milhão de reais tem dado dor de cabeça para o antigo agente da lei
O ex-delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, condenado em 2014 pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dois anos de cadeia pelo vazamento de informações da Operação Satiagraha, vive desde 2015 em exílio na Suíça. No mês passado, em uma ação que tramita na Justiça do Guarujá, o condomínio onde ele possui um apartamento conseguiu que seu nome fosse levado para o rol de inadimplentes da Serasa. Com uma dívida que passa dos 84.000 reais, referentes a cotas mensais do imóvel, o ex-policial e ex-deputado federal pelo PCdoB corre risco de perder o bem em leilão.
Os débitos começaram no mesmo ano em que Protógenes deixou o país, mas o ex-delegado chegou a fazer um acordo, que não foi cumprido e passou a ser objeto de execução judicial. Desde então, o condomínio Conjunto Las Palmas, na Praia das Astúrias e com vista para o mar, vem tentando localizar o devedor, sem sucesso.
Bem antes da Lava-Jato, Protógenes foi talvez o primeiro delegado da PF a ganhar status de estrela, em 2008, pela sua atuação na investigação de políticos e empresários poderosos. A apuração que comandou acabou levando à prisão, entre outros, o banqueiro Daniel Dantas, o ex-prefeito paulistano Celso Pitta e o investidor Naji Nahas. A operação, no entanto, não só foi anulada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 2011, como o próprio Protógenes virou alvo de investigação por procedimentos irregulares na conduta do caso.
Depois que saiu de cena, Protógenes viu sua ex-mulher, Roberta Luchsinger, ficar famosa em 2017 ao prometer doar 500.000 reais ao ex-presidente Lula. Na mesma época, descobriu-se que a socialite devia 232.000 reais de condomínio. Em abril deste ano, ela voltou aos noticiários ao ser processada por um outro ex-herói nacional. Sergio Moro e sua esposa, Rosângela, chamados de “estelionatários eleitorais”, entre outras postagens (“juiz ladrão e sua ‘conge’ atrás de foro privilegiado”), pedem 100.000 reais cada um de indenização. O caso tramita em São Paulo.