Uma nova e surpreendente alternativa para a chamada terceira via presidencial em 2022 vem sendo cogitada pelos corredores de Brasília. Na última semana, dirigentes do PRTB, partido do vice-presidente Hamilton Mourão, receberam uma sondagem de um grupo de apoiadores de Moro sobre a possibilidade de participação dele em uma chapa encabeçada pelo ex-juiz e ex-ministro da Justiça. As chances de Moro topar ingressar na disputa são pequenas, mas a insistência dos entusiastas ocorre pelas dificuldades hoje de encontrar um nome com popularidade suficiente para se contrapor aos favoritos Lula e Bolsonaro.
Moro, que deixou a vida pública para trabalhar como sócio-diretor da consultoria Alvarez & Marsal nos Estados Unidos, andou circulando por Brasília e Curitiba na última semana. Ele não dá sinais claros de que pretende disputar o pleito, mas teve encontros com o senador Alvaro Dias (Podemos-PR), entusiasta da sua candidatura, e a deputada Renata Abreu (Podemos-SP), presidente nacional da sigla. E ouviu desses políticos que a data limite para ele tomar uma decisão é novembro deste ano.
Os dirigentes do PRTB evitam se manifestar publicamente sobre a consulta feita ao vice presidente para compor a chapa Moro-Mourão, pois a sigla ainda é cotada como uma das alternativas para abrigar o presidente Jair Bolsonaro, que está sem partido desde 2019. Mourão, por sua vez, tem buscado se reaproximar do presidente e deixou o assunto em banho-maria.
Se o ex-juiz ainda está indeciso se deve se lançar candidato ou não, seus apoiadores estão em plena campanha para convencê-lo a entrar na política. O maior entusiasta é o empresário Fábio Aguayo, presidente do Sindicato das Empresas de Gastronomia, Entretenimento e Similares de Curitiba, que tem patrocinado outdoors e adesivos pró-Moro e organizado movimentos de apoio a ele.
A VEJA, Aguayo confirmou que uma chapa Moro-Mourão chegou a ser especulada. Na sua opinião, no entanto, ele prefere que o ex-juiz dispute a presidência com alguém da Região Nordeste – o empresário cita os nomes da ex-ministra do STJ Eliana Calmon, da Bahia, e até do cantor Fagner, do Ceará.
“Ele [Moro] não desencoraja a gente, mas também por causa do compromisso profissional ele não pode se posicionar de forma mais efusivo. Ele tem que se recolher mesmo, não é o momento de fazer campanha. Nós concordamos, mas vamos levando as mobilizações e essas interlocuções entre a sociedade civil e o meio político”, disse o empresário.
“Essa campanha de convencimento está crescendo e surtindo efeito e já estamos incomodando o status quo”, acrescentou ele, referindo-se a críticas recentes do presidente Bolsonaro e do ex-presidente Lula a uma candidatura de terceira via.
Mesmo evitando se posicionar como pré-candidato, Moro tem aparecido bem colocado nas pesquisas de intenções de voto. Segundo o Datafolha de maio, ele aparecia na frente, com 7%, de outros presidenciáveis de centro, como Ciro Gomes (6%) e João Doria (3%), ficando atrás de Lula (41%) e Bolsonaro (23%). Uma eventual candidatura do juiz ícone da Lava Jato preocupa o entorno do presidente, pois ele seria hoje o postulante de terceira via mais apto a tirar eleitores do capitão.