Chance de Mendonça no STF é de 98%, afirma pastor que esteve com Bolsonaro
‘Ele é o terrivelmente evangélico’, diz o apóstolo César Augusto, um dos interlocutores mais próximos do presidente; ministro do STJ e Aras correm por fora

Pastores evangélicos próximos ao presidente Jair Bolsonaro já tratam como certa a indicação do advogado-geral da União, André Mendonça, que é presbiteriano, para a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) que será aberta em julho com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello.
“Ele é o terrivelmente evangélico e tem 98% de chances de ser indicado ao STF”, disse a VEJA o apóstolo César Augusto, líder da Igreja Apostólica Fonte da Vida, de Goiânia. Junto com o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, e do apóstolo Estevam Hernandes, da Renascer em Cristo, ele é hoje uma das lideranças evangélicas que mais frequentam o Palácio do Planalto — esteve com ele duas vezes no último mês, segundo a agenda oficial da Presidência da República. “Ainda não tem a data do anúncio, mas o presidente é um homem de palavra. Mendonça é um jurista extremamente preparado e conta com a simpatia e o respaldo do segmento evangélico”, acrescentou.

A informação é corroborada por outras lideranças do segmento religioso que andaram conversando com o presidente nos últimos dias. “De zero a dez, a chance de ser o Mendonça hoje é 8. Mas a prerrogativa é toda do presidente”, afirmou, sob reserva, um importante membro da Frente Parlamentar Evangélica da Câmara dos Deputados.
As declarações mais enfáticas ocorrem num momento em que crescem as especulações sobre outros nomes, que correm por fora na disputa. Entre eles, está o do ministro do Superior Tribunal de Justiça, Humberto Martins, que é adventista e seria o preferido do filho Zero Um do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos).
Outro que corre por fora é o atual procurador-geral da República, Augusto Aras, que não é evangélico. Apesar do favoritismo de Mendonça, é difícil cravar que ele será o escolhido dada a imprevisibilidade de Bolsonaro, que já surpreendeu ao indicar Kassio Nunes Marques em outubro do ano passado para a vaga de Celso de Mello — o nome dele não aparecia entre os cotados até as vésperas da indicação.
Movimentação
Mendonça tem se articulado bastante pela vaga e já começou a se aproximar de alguns senadores — a indicação precisa ser aprovada pelo Senado. Desde o ano passado, ele tem trabalhado também para conquistar o apoio de lideranças de peso do segmento evangélico. No início deste ano, ele usou os fins de semana para visitar diversos templos pentecostais e neopentecostais, entre eles as gigantescas Assembleias de Deus Ministério Belém e Ministério Madureira e a Mundial do Poder de Deus, do apóstolo Valdemiro Santiago. Um dos que também lhe abriram as portas foi o apóstolo César Augusto. “Algo natural para alguém que, além de ser AGU e anteriormente ministro da Justiça, também é pastor presbiteriano”, afirmou.
No início de abril, Mendonça também começou a utilizar as redes sociais para elogiar os pentecostais. No Twitter, escreveu que eles “salvam milhões de vidas” e que são eles que estão “onde religiosos elitistas não se dispõem a estar”.