Pivô de uma operação golpista, que envolveria o ex-presidente Jair Bolsonaro, para anular o resultado da eleição presidencial de 2022, conforme revelado por VEJA na edição desta semana, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) é dono de uma biografia curiosa.
Nascido em Vitória (ES), em 1971, Marcos do Val é militar de formação. Ele se graduou como soldado no 38º Batalhão de Infantaria, localizado no estado onde nasceu.
No entanto, a sua carreira tomou outro rumo a partir da fundação na década de 90 da CATI, uma empresa de segurança voltada para o treinamento de policiais. Com sua empresa, o militar difundiu maneiras de abordagens e imobilizações não letais no confronto físico, misturando a experiência nas Forças Armadas com seu treinamento em aikidô – ele é mestre em segundo grau na arte marcial japonesa e credenciado pela Federação Internacional de Aikidô, que fica em Tóquio.
Graças ao sucesso de seus cursos, Do Val trabalhou como instrutor do grupo de elite da polícia dos Estados Unidos, a Swat (Special Weapons And Tactics). Também deu aulas para membros da FBI (a polícia federal americana), do DEA (departamento de repressão a narcóticos), U.S. Marshals (agentes federais), segurança do Vaticano, polícia de Roma e militares das Forças Armadas Americanas.
O ex-senador passou a ganhar fama ao aparecer na mídia para comentar os temas nos quais é especialista, como fez nas críticas à Polícia Militar e ao governo de São Paulo por causa da operação que terminou com a morte da refém Eloá Cristina, em Santo André, em 2008.
Sua fama lhe rendeu o livro Um Brasileiro na Swat, escrito pela jornalista Ana Lígia Lira e publicado em 2013. Ele também participou da preparação de atores no filme Tropa de Elite 2.
Marcos do Val entrou para a polícia se filiando ao PSB, em 2015. Três anos depois, foi para o Cidadania (então PPS) e foi eleito senador pelo Espírito Santo. Após oito meses de mandato, Do Val trocou novamente de partido e, até a sua renúncia, neste 2 de fevereiro, representava o Podemos-ES no Senado.
Sempre foi um aliado do presidente Jair Bolsonaro no Congresso, como na CPI da Pandemia, quando defendeu o comportamento do governo em vários pontos do enfrentamento à Covid-19. Também é crítico do PT e do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.