Candidata a vice de Ramagem recebeu mais dinheiro do PL do que Nunes
Partido transferiu quase 20 milhões de reais do fundo eleitoral a Índia Armelau

O Partido Liberal (PL) destinou quase 20 milhões de reais do fundo eleitoral a Amanda Armelau, conhecida como Índia Armelau, que foi candidata a vice-prefeita na chapa de Alexandre Ramagem (PL) no Rio de Janeiro. É a maior transferência feita pelo partido até o momento — o valor é maior do que o repassado ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição em São Paulo, maior cidade do país.
Apesar de não ser filiado ao partido, Nunes tem um nome do PL como candidato a vice, o coronel Ricardo Mello Araújo, ex-comandante da Rota. O prefeito recebeu 17 milhões de reais da legenda, conforme os dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A sigla, porém, transferiu 19,4 milhões de reais a Índia Armelau e mais 26 milhões de reais a Ramagem. A chapa teve 30,81% dos votos válidos no Rio e foi derrotada por Eduardo Paes (PSD) no primeiro turno.
Ainda assim, Nunes recebeu mais dinheiro do PL do que de seu próprio partido, o MDB, que lhe deu 15 milhões de reais. Outras nove legendas integram a coligação do prefeito: PP, PSD, PRD, Republicanos, Solidariedade, Podemos, Avante, Mobiliza e União Brasil. No total, ele recebeu 43,7 milhões de reais do fundão eleitoral.
Em entrevista a VEJA antes do primeiro turno, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, disse que já gastou todo o fundo eleitoral de 886 milhões de reais e já recorreu a cerca de 50 milhões de reais do fundo partidário. Com a maior bancada na Câmara dos Deputados, a sigla tem a maior fatia dos recursos públicos neste ano. “Nós já não vamos chegar bem (ao segundo turno) porque nós vamos gastar tudo que nós tínhamos”, afirmou o cacique.
Além de São Paulo e Rio, um dos maiores investimentos do partido foi em Belo Horizonte: a campanha de Bruno Engler (PL), que concorre na capital mineira, ganhou 15 milhões de reais. Sua candidata a vice, Coronel Claudia, recebeu 11 milhões de reais.
Cota feminina
A legislação exige que pelo menos 30% do fundo eleitoral seja destinado para candidaturas femininas. Com isso, os partidos turbinaram os repasses para as mulheres vices em chapas encabeçadas por homens. No caso do PT, a maior parte dos recursos foi para Marta Suplicy, vice na chapa de Guilherme Boulos (PSOL) em São Paulo.