Sob um calor de mais de 30 graus e embalado por um clima de pré-campanha, o ex-presidente Jair Bolsonaro reuniu uma multidão de apoiadores em São Sebastião, litoral norte de São Paulo, na tarde desta quarta-feira, 7. Para a ocasião, estava marcado seu depoimento à Polícia Federal sobre o caso de importunação a uma baleia-jubarte na região. A oitiva foi remarcada e transferida para São Paulo, mas ele decidiu manter o ato.
Concentrada em torno de um trio elétrico, a multidão ouviu com euforia o discurso do “capitão”, recebido com gritos de “Lula ladrão” e “Deus, pátria, família e liberdade”. Cercado por aliados e deputados estaduais, Bolsonaro falou aos espectadores que não se pode “abandonar o Brasil”, criticou o governo Luiz Inácio Lula da Silva e mandou um recado às provocações decorrentes de um “afago” de governistas a Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo.
“Essa semana vimos o atual candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo dizendo que o Lula conquistaria o Tarcísio para o partido dele”, disse, em alusão a Guilherme Boulos. “Obviamente que não fiquei preocupado com isso. Ficaria preocupado se Lula quisesse roubar o Tarcísio pra ele. Porque roubar é o que ele sabe fazer desde que surgiu o PT”, disparou, seguido de aplausos e gritos dos admiradores.
Na última segunda-feira, 5, em um evento em que participavam presidente e governador, um espectador gritou para que Tarcísio “voltasse para o PT”. O gesto não passou despercebido e arrancou sorrisos amarelos do ex-ministro da Infraestrutura, além de risadas de Lula.
Bolsonaro elogiou Tarcísio, de quem disse que “pode ter defeitos, mas tem muito mais virtudes”, e afirmou que o pupilo vem fazendo um excelente governo em São Paulo. O ex-presidente ainda voltou a criticar a chamada regulamentação da mídia e avaliou que a medida seria um “golpe de misericórdia” na “liberdade do povo brasileiro”.
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Inelegibilidade e ‘Abin Paralela’
Sobre a inelegibilidade declarada pelo TSE e que o impede de disputar a presidência em 2026, Bolsonaro se disse vítima de uma perseguição e afirmou que, se há democracia no Brasil, sua inocência será reconhecida. “O que acharam do crime da minha pessoa até o momento foi o fato de me reunir com embaixadores, e o fato de botar um empresário do meu lado”, afirmou, em alusão a Luciano Hang, dono da Havan.
Bolsonaro atacou a política econômica de Lula, disse que os brasileiros não têm mais poder de compra e criticou as investigações que miram a existência de uma Agência Brasileira de Inteligência (Abin) “Paralela”. “Quando se fala em ‘Abin Paralela’, há o interesse do atual governo de descredibilizar a Abin, porque o relatório da Abin do 8 de janeiro foi de omissão do governo federal”, afirmou.
Por fim, pediu o empenho da militância nas eleições municipais deste ano e alertou para o que classificou como forasteiros oportunistas. “Vamos continuar lutando, crendo, se empenhando para eleições. Apoiar pessoas com as quais vocês se identifiquem (…) mas cuidado, há em municípios aí gente se filiando ao PL, mas que na verdade são ‘vermelhos’. Essas pessoas aí não terão o nosso apoio”, avisou.