Mais de cem parlamentares das duas maiores frentes parlamentares da Câmara, a do agronegócio e a evangélica, se encontraram nesta sexta-feira, dia 29, com o deputado Arthur Lira (PP-AL), líder do Centrão e candidato à presidência da Câmara apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro. As eleições ocorrerão daqui a dois dias, em 1º de fevereiro.
Um dos articuladores do encontro, o deputado Neri Geller (PP-MT) afirma que 80% da bancada ruralista está fechada com Lira. Ele é vice-presidente da Frente Parlamentar Agropecuária — o titular atual é o deputado Alceu Moreira (MDB-RS), que declarou voto no candidato Baleia Rossi (MDB-SP), apoiado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O encontro ocorre nesta noite no Instituto Brasileiro de Comércio Internacional e Investimentos (IBCI), em Brasília, e foi chamado de “coquetel do agro”.
“Arthur é o que tem mais proximidade com a gente e vai acabar com essa coisa de ficar travando as pautas”, declarou Geller. Segundo ele, Lira se comprometeu a colocar em votação projetos de regularização fundiária e de licenciamento ambiental, que foram barrados por Maia em 2020 e interessam aos representantes do agronegócio brasileiro.
Desde o início do mês, Bolsonaro vem fazendo uma ofensiva para angariar o apoio de parlamentares do agronegócio a Lira e tem cobrado a unidade do bloco. “Alguns parlamentares do campo, em vez de apoiar nosso candidato, estão apoiando outro”, disse Bolsonaro, em 11 de janeiro.
Evangélicos
Na tarde desta sexta, Lira se encontrou com representantes de outra frente parlamentar influenciente na Câmara, a evangélica. Na reunião, ele teria se comprometido a colocar em votação pautas de costumes, que também foram deixadas de lado por Maia. Na semana retrasada, o líder da bancada, deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP), divulgou uma nota declarando apoio a Lira, considerando a “defesa dos princípios cristãos, dos valores morais e do direito à vida em todas as suas etapas, da família tradicional e da independência e protagonismo do Poder Legislativo”. Segundo o texto, apenas “raríssimas exceções” na frente não concordaram com o voto no deputado do PP.