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As razões – e a contradição – do apreço do PT pela ditadura na Nicarágua

Enquanto critica Bolsonaro dizendo que o presidente é autoritário, o partido divulgou nota celebrando a vitória de Daniel Ortega

Por Caíque Alencar 10 nov 2021, 11h38
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  • Propaganda política do presidente Daniel Ortega nas ruas de Managua, na Nicarágua
    Propaganda política do presidente Daniel Ortega nas ruas de Managua, na Nicarágua (Getty Image/Getty Images)

    Crítico de Jair Bolsonaro sob acusações de que o presidente se comporta como um líder autoritário, o PT caiu em contradição ao divulgar uma nota de celebração à vitória do ditador Daniel Ortega nas eleições da Nicarágua no último domingo, 7. Ortega foi eleito para o seu quarto mandato em um pleito marcado pela presença de outros cinco candidatos aliados de seu governo, enquanto outros sete candidatos que representariam uma mudança na política do país caribenho foram presos nos últimos meses sob acusações de lavagem de dinheiro e traição à pátria.

    Segundo o professor e cientista político do Insper, Leandro Consentino, a razão para esse posicionamento do partido é um componente ideológico do PT, que tem uma aproximação com partidos de esquerda no continente americano e cuja proximidade “transgride a própria questão democrática”. “Esse apoio ao Daniel Ortega ali na Nicarágua é mais um capítulo deste momento em que o PT deixa de lado o apreço pela democracia e vai, de alguma forma, mostrar a superioridade da identidade ideológica sobre o compromisso com a democracia”, afirma o especialista.

    Além do governo de Ortega, o PT não se cansa de demonstrar apoio a outros regimes de esquerda que se mantêm no poder às custas de expedientes típicos de ditaduras, como Venezuela e Cuba. O petismo também apoia governos sul-americanos de esquerda que chegaram de forma democrática recentemente ao poder, como os de Alberto Fernández, na Argentina, e de Luis Arce, na Bolívia.

    Em nota divulgada na segunda-feira, 8, um dia após a vitória de Ortega, o PT disse que o pleito foi uma “grande manifestação popular e democrática”, destacando que o resultado das eleições confirmaram “o apoio da população a um projeto político que tem como principal objetivo a construção de um país socialmente justo e igualitário”. Para Consentino, no entanto, o partido “cai em contradição total” com o posicionamento. “A coerência é bastante comprometida quando você faz uma crítica a uma personalidade que não tem compromisso com a democracia dentro do teu país e elogia uma de fora que se move pela mesma ideia, ainda que com sinais trocados do ponto de vista ideológico”, diz o professor.

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    José Daniel Ortega Saavedra chegou ao poder capitaneando no final dos anos 1970 um movimento revolucionário de esquerda — a Frente Sandinista de Libertação Nacional –, que derrubou do poder o ditador Anastasio Somoza Debyle em 1979. Ortega foi então presidente até 1990 e voltou ao cargo em 2002, por meio de eleição. Foi reeleito depois em 2011, 2016 e 2021, mas o seu regime caminhou cada vez mais para o autoritarismo e o centralismo.

    As eleições que deram vitória a Ortega agora, segundo os números oficiais, terminaram com o ditador alcançando 75% dos votos — a reeleição, no entanto, não é reconhecida pelas principais democracias do mundo, entre elas os Estados Unidos. Ao assumir o mandato, em janeiro deste ano, o democrata Joe Biden ​manteve sanções impostas por seu antecessor, Donald Trump. Durante sua gestão, o republicano aplicou multas à Nicarágua, além de ter impedido a entrada no país de altos funcionários do regime e familiares do ditador.

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