O processo de cassação do senador bolsonarista Jorge Seif (PL-SC) no Tribunal Superior Eleitoral sofreu uma reviravolta na terça-feira, 30. Os ministros concluíram que não havia indícios suficientes contra o parlamentar e converteram o julgamento da ação em diligências para a coleta de mais provas.
Nos últimos dias, o parlamentar teria se encontrado com o presidente do Tribunal Eleitoral e ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, para falar sobre seu processo de cassação. O parlamentar, porém, é um crítico ferrenho da Corte e das decisões do magistrado. Segundo a colunista Bela Megale, do jornal O Globo, o senador deu a garantia a Moraes de que não falará mais sobre membros do STF. O responsável por promover o encontro teria sido o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
No passado, Seif costumava usar o Instagram e o X para fazer ataques ao Judiciário. No dia 8 de fevereiro, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados foram alvo da operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal — autorizada por Moraes — o senador afirmou que o Brasil vive um “estado juristocrático de esquerda” e uma “democracia relativa”.
“Em regimes democráticos investigam-se fatos para alcançar as pessoas e julgá-las com provas. Em regimes de exceção, investigam-se pessoas para alcançar os fatos para condená-las com narrativas”, escreveu. Seif ainda fez uma referência a Adolf Hitler. “Hitler, do inferno, aplaude e brada: “meu garoto!”.
Quando o Ministério Público arquivou inquérito contra o ex-ministro Anderson Torres pelos atos golpistas de 8 de janeiro, o parlamentar também comentou. “Prendem, expõem, família sofre, humilham, rotulam, torturam, destroem e depois: não encontramos provas. Brasil hoje é um estado juristocrático ditatorial”, disse.
Em outras postagens, Seif disse que há uma “ditadura paralela” que “persegue de maneira implacável” o ex-presidente, sua família e parlamentares de direita.
Ele também costuma atacar o Supremo em discursos no plenário do Senado. “Fomos criticados, ofendidos, agredidos por ministros do STF que deveriam se espelhar em outras Supremas Cortes que nem dão entrevista. Aqui eles são tuiteiros, aqui eles são blogueiros. Não podem ver uma câmera que se jogam para frente. Vergonhoso”, disse no dia 23 de novembro de 2023.
Durante uma sessão da CPMI do 8 de janeiro, em setembro do ano passado, Seif chorou ao questionar o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto, por permitir a prisão de bolsonaristas acampados em quartéis. “Eu quero repetir para o senhor que o senhor é um covarde e o senhor presta continência para comunista. O senhor hoje serve um ladrão e o senhor traiu o seu povo”, disse.
Com o avanço do julgamento no TSE, o senador deixou de fazer críticas ao Judiciário. Nas redes sociais, ele ignorou o embate envolvendo o empresário Elon Musk e Moraes — episódio amplamente explorado pela maioria dos parlamentares bolsonaristas.
Cassação
O julgamento de Seif no TSE não tem relação com seus ataques ao Judiciário. Ele é acusado de abuso de poder econômico nas eleições de 2022. A Coligação Bora Trabalhar, formada pelo PSD, Patriota e União Brasil, alegam que o senador teve a candidatura beneficiada pelo empresário Luciano Hang, proprietário das lojas Havan.
De acordo com o processo, foi ofertado ao senador estrutura para realização de viagens em aeronaves da empresa e transmissões nas redes sociais (lives), além do envolvimento pessoal de Hang na campanha.