Arthur Lira chama deputada feminista para defendê-lo da ex-mulher no STF
Margarete Coelho, do PP do Piauí, atuará ao lado de outra advogada em uma queixa-crime movida por Jullyene Lins ao Supremo

Candidato à presidência da Câmara, o deputado Arthur Lira (Progressistas-AL) acaba de reforçar a sua defesa em uma ação movida contra ele por sua ex-mulher, Julyenne Lins, no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele contratou uma colega de bancada no partido, a deputada Margarete Coelho (PI), como sua advogada, ao lado da também defensora Maria Cláudia Bucchianeri Pinheiro, que tem escritório em Brasília. Ele já era defendido pelo advogado alagoano Fábio Ferrario, que o acompanha há anos em seus enroscos na Justiça.
Aliada próxima de Lira no partido e entusiasta da candidatura dele à chefia da Câmara, Margarete é conhecida por defender pautas feministas e a participação da mulher na política. “Tenho a vida inteira lutado por todas as bandeiras feministas”, disse a deputada certa vez ao portal da Câmara. Doutora em Direito e Políticas Públicas e mestre em Direito Constitucional, ela foi deputada estadual e vice-governadora do Piauí antes de chegar à Câmara, em 2019.
Casada com Lira entre 1997 e 2007 e mãe de dois filhos dele, Jullyene Lins já acusou o deputado de agredi-la, em 2006, em um processo que começou na Justiça de Alagoas e chegou ao STF, onde o parlamentar foi absolvido em em 2015 por falta de provas. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo na semana retrasada, Julyenne afirmou que o ex-marido a fez mudar o depoimento no processo para inocentá-lo. “Ele foi à minha casa, quando abri a porta, me agrediu, me desferiu murro, soco, pontapé, me esganou”, afirmou.
A ação em que Margarete Coelho atuará como advogada de Lira, uma queixa-crime, foi apresentada por Jullyene ao Supremo em junho do ano pelos supostos crimes de injúria, difamação. A acusação tem como base declarações feitas por Lira a VEJA em dezembro de 2019, em resposta às acusações feitas por Jullyene à reportagem de que ele recebia propina em malotes e angariou patrimônio de pelo menos 40 milhões de reais com corrupção, ocultado da Justiça Eleitoral. Arthur Lira afirmou a VEJA que a ex-mulher é uma “vigarista profissional querendo extorquir dinheiro, inventando histórias”. “Meu patrimônio é o que está declarado no TSE”, completou.
Além de uma indenização, a defesa da ex-mulher do parlamentar também pede a abertura de um inquérito para apurar suposta sonegação fiscal por Lira. O ministro do STF Luís Roberto Barroso decidiu enviar a ação a uma Vara de Violência Doméstica de Brasília, mas a defesa de Lira recorreu para manter a ação na Corte e Barroso ainda não decidiu sobre o recurso.
Em entrevista à última edição de VEJA, o filho mais velho do deputado, Arthur Lira Filho, e uma enteada dele, Ana Clara Lins, filha de Jullyene, o defendem das acusações da mãe e dizem que ela busca extorquí-lo.