Após mais de uma semana de tensão em todo o Rio Grande do Sul por conta das fortes chuvas, alguma coisa começou a melhorar em meio ao caos vivido pelos gaúchos: o nível do Guaíba, em Porto Alegre, que chegou a superar o recorde histórico de 1941, baixou 15 centímetros em 24 horas. Nos últimos dias, parte significativa da cidade, incluindo o seu Centro Histórico, ficou intransitável em razão da subida das águas do lago. A altura nesta quarta-feira é de 5,10 metros — o menor patamar desde sábado.
O lago ainda está mais de 2 metros acima do limite de inundação, que é de 3 metros. O maior nível já registrado pelo Guaíba foi de 5,33 metros, na manhã de domingo, 5. Antes, o recorde era de 4,76 metros, em 1941. O lago ainda deve levar pelo menos trinta dias para baixar ao patamar aceitável, segundo projeção do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
No estado, os temporais já deixaram 100 mortos, 130 desaparecidos e 163,7 mil desalojados ou desabrigados, conforme a última atualização da Defesa Civil estadual, divulgada às 18h. Mais de 1,476 milhão de pessoas foram afetadas em 425 municípios (ou 85% do total, já que o estado tem 497) e ao menos 67,4 mil estão vivendo em abrigos.
Calamidade pública
O Senado aprovou na noite desta terça-feira, 7, a proposta de decreto legislativo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que pede o reconhecimento de calamidade pública no estado até 31 de dezembro. O texto havia sido aprovado pela Câmara na segunda.
O governo federal também anunciou obras no valor de 1,7 bilhão de reais do novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para ações de prevenção de desastres naturais — o valor representa cerca de 9,2% do total a ser liberado. O Palácio do Planalto afirmou que todas as propostas enviadas pelo Rio Grande do Sul foram contempladas.
As obras do programa serão voltadas para Abastecimento de Água – Rural; Periferia Viva – Urbanização de Favelas; Prevenção a Desastres Naturais: Contenção de Encostas; Regularização Fundiária; e Renovação de Frota.
“As seleções priorizam a melhoria na qualidade de vida no campo e nas cidades e levam em conta a superação de cenários adversos da emergência climática para oferecer melhores condições de vida para a população e contribuir para a redução das desigualdades regionais”, disse o Planalto.