O presidente Jair Bolsonaro, que consolidou um acordo com o Centrão, grupo parlamentar que historicamente costuma pleitear cargos no governo em troca de apoio no Congresso, disse nesta quinta-feira, 4, que para governar é preciso ter autonomia para escolher os seus ministros e secretários. Uma das hipóteses cogitadas após a vitória para a presidência da Câmara de Arthur Lira (PP-AL), líder do grupo, com o apoio do governo, era a de uma reforma ministerial para acomodar melhor o novo tamanho dos aliados.
“Como é que você pode iniciar um mandato no Executivo e sonhar, ou quem sabe ter a certeza, de que você vai entregar ao seu sucessor algo melhor lá na frente? Só se você tiver liberdade para escolher os seus secretários e ministros. Se não tivermos essa liberdade, é o caminho certo para o fracasso. Não tem como não dar errado, vai dar errado”, afirmou o presidente durante a inauguração do Centro de Treinamento Nacional de Atletismo, em Cascavel (PR).
“Se não tivermos essa liberdade (de escolher ministros e secretários), é o caminho certo para o fracasso. Não tem como não dar errado, vai dar errado”
Bolsonaro ainda citou a gestão do general Joaquim Silva e Luna à frente da Itaipu, que, segundo ele, vem realizando um bom trabalho devido ao fato de ter definido a sua equipe livremente. “Teve a liberdade de escolher toda a sua diretoria. Assim eu tenho agido no meu governo”, comparou. Para o presidente, Pedro Guimarães, presidente da Caixa, também está fazendo um bom trabalho, pois “teve liberdade para escalar o seu time”.
“Alguém bota um bom técnico de seleção para escalar o time para o Brasil, e os corneteiros escalam os jogadores. Não vai dar certo, vai tomar uma goleada. E nós não queremos isso, nós sabemos como devemos fazer o trabalho”, destacou. De acordo com Bolsonaro, o sucesso do seu governo, como lucros nas estatais e a realização de obras, somente está sendo possível “porque nós mudamos a forma de governo no Brasil”.
Contudo, para eleger Arthur Lira, o Planalto distribuiu emendas e cargos no governo. Quatro ministérios devem ser ocupados por membros do Centrão em uma possível reforma ministerial. Entre outras iniciativas, cerca de 650 milhões de reais foram prometidos em cadastros para inscrição de municípios em programas federais que contarão com verbas carimbadas por deputados.
“Alguém bota um bom técnico de seleção para escalar o time para o Brasil, e os corneteiros escalam os jogadores. Não vai dar certo, vai tomar uma goleada”
Novo partido
Ao mesmo tempo em que mandou um recado velado ao Centrão, Bolsonaro cogitou voltar ao PP, partido de Lira, uma das principais legendas do bloco parlamentar e sigla na qual já esteve filiado entre 2005 e 2016. “Um bom filho à casa torna, quem sabe?”.
O presidente, que está sem partido desde que rompeu com o PSL no final de 2019, tentou, sem sucesso, viabilizar o Aliança pelo Brasil, mas não conseguiu até agora cumprir as exigências mínimas da Justiça Eleitoral.