De terno e gravata, documento em mãos, braços entrelaçados com quatro índios e alguns assessores, o ministro Alexandre de Moraes ensaia uma desengonçada dança indígena flexionando tronco e joelhos timidamente enquanto ouve um canto tradicional macuxi no qual seu nome é repetido várias vezes.
A cena aconteceu no gabinete do ministro, no Supremo Tribunal Federal, na quarta-feira, quando representantes da reserva Raposa Serra do Sol foram entregar a ele um dossiê de 17 páginas – 11 de texto e seis com fotos – para mostrar a situação atual da terra indígena e pedir que os direitos dos povos do local continuem sendo respeitados.
A reserva, localizada em Roraima, foi demarcada no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1996, e homologada pelo sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2005, mas foi consolidada sob muita polêmica, que precisou de intervenção do STF. Moradores não-indígenas, arrozeiros, pecuaristas e outros ocupantes resistiram à desocupação da área e só saíram de lá por decisão do Supremo, cumprida pela Força Nacional de Segurança e pelo Exército.
Nesta semana, representantes das etnias que compõe a reserva – maxucis, ingaricós, patamonas, taurepangues e uapixana -, além de pessoas ligadas à causa indígena estão fazendo um seminário na Universidade de Brasília (UnB) para mostrar os avanços da reserva nestes anos e a maneira como seus ocupantes vivem e neutralizar eventuais discursos de que a demarcação teria sido um fracasso.
Os indígenas entregaram o dossiê a todos os ministros do STF, mas apenas Alexandre de Moraes postou o vídeo com a sua esquisita dança em seu gabinete. Resta saber se Gilmar Mendes, Celso de Mello e Cármen Lúcia e os demais também dançaram sob o canto macuxi – e se se saíram melhor do que o ministro.
Veja abaixo o vídeo: