Ala bolsonarista aprova volta do voto impresso em comissão da Câmara
Lei ainda será votada em plenário pelos deputados e, caso aprovada, irá ao Senado; texto exige contagem de resultados em papel em todas as seções eleitorais
Nesta quarta-feira, 11, o projeto que traz de volta o voto impresso nas eleições brasileiras foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. O texto recebeu 31 votos favoráveis e 20 contrários e ainda precisa ser analisado pelo plenário dos deputados e pelo Senado.
A proposta em questão, resgatada pela ala bolsonarista da CCJ depois de passar quase dez anos na gaveta, determina que todos os brasileiros devem votar, simultaneamente, nas urnas eletrônicas e em cédulas de papel.
Segundo o projeto, após o fechamento das seções eleitorais, cada voto deve ser retirado da urna física, anunciado em voz alta e registrado pelos fiscais. O novo modelo seria adotado em todas as 500.000 seções eleitorais do Brasil, com previsão de implementação já nas eleições federais e estaduais de 2026.
Aumento de gastos e riscos
O relatório aprovado na CCJ, elaborado pelo deputado José Medeiros (PL-MT), não detalha os custos da instituição do sistema do voto impresso. No momento em que o país discute cortes de gastos em áreas vitais do governo, a proposta exigiria adquirir novas urnas, impressoras e materiais, além de contratar servidores e estruturar a logística de distribuição de toda a aparelhagem.
Outra crítica ao projeto é a falta de explicações sobre o que ocorreria, judicialmente, em caso de divergências entre os resultados eletrônicos e físicos. Tampouco se detalha o impacto que as alterações teriam no tempo de votação e eventuais dificuldades e falhas nas seções eleitorais.
Para especialistas, há espaço para discussão sobre aprimorar o sistema eleitoral, mas o projeto aprovado não contribui para o processo. “A lei proposta não apenas cria novas dificuldades para o processo eleitoral, aumentando os riscos de erros humanos, como traz de volta problemas que foram solucionados pelo voto eletrônico”, avalia Ana Claudia Santano, diretora-executiva da Transparência Eleitoral Brasil.