Acusado de homofobia, pastor Valadão quer usar a Primeira Emenda dos EUA
Defesa do líder evangélico contesta decisão da Justiça brasileira de remover vídeos de suas redes sociais alegando que eles foram gravados em Orlando
O pastor André Valadão, da Igreja Batista da Lagoinha, vai contestar a decisão da Justiça Federal para remover vídeos com “teor homofóbico” de seu canal no YouTube. Na última segunda-feira, 10, o Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6) determinou que YouTube e Instagram retirem do ar, em até cinco dias, os discursos em que Valadão incita “violência ou discriminação” contra a população LGBT.
A decisão do TRF atende a um pedido do Ministério Público Federal (MPF) em Minas Gerais, que moveu uma ação pública contra André Valadão por “incitar a violência física contra pessoas LGBT” em seus discursos, exigindo uma retratação do pastor e o pagamento de 5 milhões de reais em indenizações por danos morais coletivos.
No entanto, a defesa de Valadão alega que a Justiça brasileira não tem jurisdição sobre os vídeos — que foram gravados em Orlando, na Flórida, onde o pastor reside — e, portanto, não poderia obrigar a sua remoção das redes. A advogada de defesa de Valadão, Vanessa Souza, afirma que vai recorrer com base na Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que protege a liberdade de expressão dos indivíduos.
Um dos vídeos em questão foi gravado durante um culto realizado por Valadão com o tema “Deus Odeia o Orgulho”, em referência ao Orgulho LGBT celebrado no mês de junho. Em outra cerimônia, o pastor afirma que “se pudesse, Deus mataria a população LGBT” e incita os fiéis a “irem pra cima” destas pessoas. A defesa de Valadão nega que tenha havido discurso de ódio nas falas do pastor.