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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

A PM de São Paulo é a mais letal do Brasil?

Sob pressão em razão de episódios recentes de violência, a polícia paulista matou 676 pessoas de janeiro a outubro deste ano, mais que o dobro de 2022

Por Bruno Caniato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 dez 2024, 22h13 - Publicado em 6 dez 2024, 14h03

Entre janeiro e outubro de 2024, o estado de São Paulo alcançou o mórbido patamar de 676 mortes decorrentes de operações e abordagens da Polícia Militar. O número consta na base de Dados Nacionais de Segurança Pública, disponibilizada pelo Ministério da Justiça, e representa uma alta de 104% em relação a 2022 (último ano do governo anterior), quando 331 civis foram mortos.

Como mostra reportagem de VEJA, a brutalidade das ações da PM paulista tem aumentado a pressão política sobre o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o secretário estadual de Segurança Pública, Guilherme Derrite. A aversão escalou após casos recentes que provocaram indignação, como o de um menino de 4 anos morto com um tiro de espingarda calibre 12 da PM durante uma operação no litoral paulista; um homem alvejado com onze disparos pelas costas por um policial ao tentar roubar um produto de limpeza em um mercado em São Paulo; e um PM flagrado jogando um jovem de cima de uma ponte na capital paulista.

Embora a violência da polícia paulista esteja no alvo — e de fato ostente números preocupantes —, ela não é a mais letal do país. Em termos absolutos, a PM de São Paulo perde para a da Bahia, que no mesmo período contou 1.344 civis mortos por policiais. Pressionado pelos altos índices de violência, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) elogiou recentemente o trabalho das forças baianas de segurança e afirmou que os agentes vão “trabalhando incansavelmente no enfrentamento ao crime organizado, ao tráfico de drogas e contra qualquer tipo de violência”.

Na sequência do ranking, segundo os dados federais, aparecem na tabela as mortes por policiais no Rio de Janeiro (610), no Pará (457) e em Goiás (326). O número real de vítimas da PM fluminense pode ser maior, já que o estado, conforme nota do Ministério da Justiça, ainda não enviou o relatório completo referente a outubro.

Amapá lidera ranking proporcional

Na comparação pela taxa de mortes por 100.000 habitantes, o Amapá aparece com a maior violência policial entre os estados brasileiros. Nos dez primeiros meses deste ano, a polícia amapaense matou 118 pessoas, o equivalente a um índice de 17,84 mortes por 100 mil moradores — a população do estado é de 802.000 habitantes.

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Por esse critério, a Bahia surge em segundo lugar, com 10,86 vítimas da PM por 100.000 habitantes, seguida por Sergipe (6,55), Pará (6,33), Mato Grosso (5,82) e Goiás (5,32).

Estado mais populoso do Brasil, com quase 46 milhões de moradores, São Paulo pontua 1,76 morte por ação policial a cada 100.000 habitantes.

Mortos pela polícia por estado, em números absolutos
(janeiro a outubro de 2024)

  1. Bahia: 1.344
  2. São Paulo: 676
  3. Rio de Janeiro: 610
  4. Pará: 457
  5. Goiás: 326
  6. Paraná: 260
  7. Mato Grosso: 186
  8. Ceará: 156
  9. Minas Gerais: 150
  10. Sergipe: 125
  11. Amapá: 118
  12. Rio Grande do Sul: 104
  13. Alagoas: 72
  14. Santa Catarina: 69
  15. Rio Grande do Norte: 67
  16. Maranhão: 66
  17. Espírito Santo: 65
  18. Mato Grosso do Sul: 54
  19. Pernambuco e Tocantins: 46 (cada)
  20. Paraíba: 45
  21. Amazonas: 34
  22. Piauí: 18
  23. Distrito Federal: 13
  24. Acre: 9
  25. Roraima: 7
  26. Rondônia: 5
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Mortes pela polícia por estado, taxa por 100.000 habitantes
(janeiro a outubro de 2024)

  1. Amapá: 17,64
  2. Bahia: 10,86
  3. Sergipe: 6,55
  4. Pará: 6,33
  5. Mato Grosso: 5,82
  6. Goiás: 5,32
  7. Rio de Janeiro: 4,25
  8. Tocantins: 3,50
  9. Alagoas: 2,68
  10. Paraná: 2,64
  11. Rio Grande do Norte: 2,33
  12. Mato Grosso do Sul: 2,23
  13. Ceará: 2,03
  14. Espírito Santo: 1,90
  15. São Paulo: 1,79
  16. Acre: 1,23
  17. Paraíba: 1,30
  18. Roraima: 1,17
  19. Maranhão: 1,13
  20. Rio Grande do Sul: 1,11
  21. Santa Catarina: 1,03
  22. Amazonas: 0,95
  23. Minas Gerais: 0,84
  24. Piauí: 0,74
  25. Pernambuco: 0,58
  26. Distrito Federal: 0,52
  27. Rondônia: 0,34
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