A ofensiva de Tarcísio de Freitas para tentar atropelar o PSDB de Doria
Ministro da Infraestrutura intensifica agenda em São Paulo pouco antes de deixar o governo para a sua ambiciosa estreia eleitoral

Prestes a deixar o Ministério da Infraestrutura para se lançar na disputa pelo governo paulista, o ministro Tarcísio de Freitas (ainda sem partido) intensificou a agenda em São Paulo, que será palco de um ambicioso objetivo em sua estreia em eleições: colocar fim ao domínio do PSDB, que comanda o estado há quase 28 anos.
O ministro já tem compromissos até o fim de março. Na sexta-feira, 4, ele vai a São José dos Campos com Jair Bolsonaro (PL) para celebrar o início da concessão das rodovias Presidente Dutra e Rio-Santos. A cidade fica no Vale do Paraíba, que tradicionalmente é reduto eleitoral do ex-governador Geraldo Alckmin, provável vice de Lula na corrida pela Presidência. No dia 25, uma sexta-feira, ele estará na capital paulista para inaugurar um dispositivo de segurança da pista do aeroporto de Congonhas executado pela Infraero. E nos minutos finais no ministério, antes de se desincompatibilizar para sair candidato, fará os últimos leilões na bolsa de valores de São Paulo, no dia 30.
Tecnicamente, os eventos são relacionados à pasta, mas o clima de pré-campanha é evidente. Só na última quinzena de fevereiro foram oito atividades em São Paulo — a única estritamente político-eleitoral, realizada fora da agenda pública, foi uma reunião com membros do diretório municipal do Republicanos em São José do Rio Preto, na última quarta, 23.
Desde meados de fevereiro o ministro já participou em terras paulistas de palestra com investidores do Traders Club e no Conselho Nacional de Estudos em Transporte, Custos, Tarifas e Mercado, reunião com diretores e investidores do Itaú e depois com os principais clientes do BTG Pactual, jantar com empresários do Grupo Esfera, participação no evento BTG CEO Conference e, mais recentemente, da inauguração de uma obra de travessia num trecho urbano de uma rodovia em São José do Rio Preto, ao lado de Bolsonaro.
Incumbido pelo presidente de ser o nome do bolsonarismo na corrida pelo governo de São Paulo, dominado há anos pelos tucanos, Tarcísio demorou a assumir a pré-candidatura, mas agora resolveu abraçar a ideia. Segundo analistas, o atual ministro deve disputar os votos dos eleitores de centro e de direita com o candidato apoiado pelo governador João Doria (PSDB), Rodrigo Garcia (PSDB).