A nova cartada de Marçal para tentar reverter a sua inelegibilidade
Coach apresentou recurso contra a sua segunda condenação eleitoral, afirmando que vídeos de cortes pagos não foram encomendados por ele

O coach e ex-candidato à prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) apresentou um recurso contra a sua segunda condenação à inelegibilidade. Nas duas vezes em que foi condenado pela Justiça Eleitoral de São Paulo, os juízes que analisaram os casos concluíram que houve abuso de poder econômico no financiamento de cortes pagos nas redes sociais — vídeos curtos de falas, entrevistas ou declarações do coach pelos quais usuários das redes recebiam valores para fazê-los viralizarem.
O recurso apresentado nesta quarta-feira, 30, se chama embargos de declaração e questiona aspectos mais técnicos da sentença, como omissões e contradições. Depois que ele for julgado, Marçal ainda pode apelar para o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo e, se ainda continuar condenado, ao Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília.
Os advogados de Marçal focaram em dois principais argumentos. Um deles é que a Justiça não analisou todos os perfis que teriam veiculados os cortes pagos — e, segundo a defesa do coach, muitos deles não teriam vídeos o favorecendo na campanha. “Alguns dos perfis mencionados pelo embargado sequer puderam ser localizados na referida rede social, o que inviabiliza a análise do conteúdo eventualmente veiculado, motivo pelo qual devem ser desconsiderados”, diz o recurso.
Outro ponto que a defesa levanta é de que não haveria provas de que o coach encomendou os cortes. O recurso argumenta que alguns casos indicados pela acusação seriam de “cripadores”, ou seja, pessoas que vivem de fazer conteúdos viralizarem nas redes, que teram feito vídeos a favor de Marçal sem serem remuneradas por ele.
Marçal foi condenado duas vezes a oito anos de inelegibilidade por conta dos cortes pagos na campanha. Ele chegou a admitir a manobra em algumas entrevistas. Se nenhum dos recursos do coach conseguir reverter seu veredicto, ele já está fora das urnas nas eleições de 2026, lhe restando apenas a alternativa de lançar uma candidatura pendurada por recursos judiciais — como Lula fez em 2018 e como Bolsonaro deve fazer no próximo pleito.
Além disso, Marçal tem outros enroscos na Justiça, inclusive com maior potencial de dano. Ele responde a uma investigação por lavagem de dinheiro nas eleições de 2022 e também pela divulgação de um laudo médico falso na campanha de 2024, que vinculava seu adversário Guilherme Boulos (PSOL) a uma falsa internação por uso abusivo de entorpecentes.