Ao aceitar discutir uma mudança de partido ou mesmo rever uma posição de não reeleição que vinha sustentando desde que assumiu o governo do Rio Grande do Sul, em 2019, Eduardo Leite (PSDB) se colocou em uma encruzilhada. Caso se movimente em qualquer uma dessas direções, inevitavelmente vai criar entre uma parcela de seus aliados o sentimento de traição.
O governador vinha afirmando que não concorreria a reeleição porque dizia acreditar que mandatários no cargo não deveriam assumir um segundo mandato. Mas abriu possibilidade de concorrer a outro cargo, o de presidente da República, disputando as prévias do PSDB no ano passado. Ao ser derrotado por João Doria, governador de São Paulo, disse que respeitaria o resultado da disputa.
Agora, porém, Leite tem mantido conversas com Gilberto Kassab (PSD) para migrar de partido e concorrer à Presidência contra Doria. Se fizer isso, terá de lidar com a pecha de traidor que os tucanos tentarão lhe impor.
Outra possibilidade a qual ele vem acenando é justamente rever o que sempre defendeu e disputar a reeleição no Rio Grande do Sul. Aí, serão não só tucanos gaúchos, que já organizam a campanha de Ranolfo Vieira Júnior, seu vice, mas também aliados de outros partidos que poderão sair dizendo que ficaram decepcionados com o jovem político.
O que se esperava de Leite, dentro do PSDB, era que ele estivesse nesse momento trabalhando pela campanha de Doria, a quem sinalizou apoiar quando o paulista saiu vencedor das prévias do ano passado.