As ofensivas militares de cristãos que saiam da Europa Ocidental em direção à Terra Santa, Jerusalém, na Idade Média receberam a alcunha de Cruzadas. Uma espécie de guerra que mistura religião e política ocorre no campo das plataformas digitais entre o pastor Silas Malafaia e o candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal. Depois de descansar no domingo, como um bom cristão, Malafaia enviou todos os dias em suas linhas de transmissão no WhatsApp vídeos repletos de ataques a Marçal.
Apesar de os ataques terem sido divulgados após a conturbada ida de Marçal à manifestação bolsonarista no 7 de Setembro, organizada pelo pastor na Avenida Paulista, Malafaia afirma que a bronca contra o coach é mais antiga. O líder religioso achava que a eleição à prefeitura na capital paulista seria secundária na sua atividade política no primeiro turno e que a sua prioridade seria a eleição dos vereadores vinculados a ele. Além disso, o pastor trabalharia para atrapalhar a vida de Guilherme Boulos (PSOL). O jogo virou, porém, quando Marçal tentou emplacar a narrativa de que áudios vazados com diálogos de auxiliares do ministro Alexandre de Moraes, do STF, eram uma estratégia de Lula para tirar o indicado de Michel Temer (MDB) da Suprema Corte. Malafaia respondeu de pronto, mas a gota d’água veio no último sábado.
Marçal chegou ao fim do ato bolsonarista, logo depois de Bolsonaro ter encerrado o seu discurso, tentou subir no carro de som alugado por Malafaia e foi barrado. Nas redes sociais, o candidato do PRTB não demorou para alardear que foi impedido de subir e tentou colar mais uma vez a imagem de um candidato rejeitado pelo “sistema”. Ao contrário de outros postulantes à prefeitura, como o atual mandatário Ricardo Nunes (MDB) e Marina Helena (Novo), que chegaram cedo e estiveram no palanque (embora não tenham falado), Marçal deixou Bolsonaro irado pelo jeito que chegou à Avenida Paulista. E, Malafaia, mais ainda.
A briga agora se transformou em um pântano de informações e acusações sem provas. Em um dos vídeos, o pastor discorre sobre a “psicopatia” e a “bipolaridade” de Marçal. Em outro, levanta dúvidas sobre a relação do coach com Alexandre de Moraes. “Ele que usa com tanta força as redes sociais, por que não usou com força para convocar o povo para o 7 de Setembro? Quer a resposta? Porque ele sabia que lá nós íamos pedir o impeachment de Alexandre de Moraes. Ou ele tem acordo, ou ele tem medo”, enfatizou o pastor.
No último vídeo, divulgado nesta quarta-feira, 11, Malafaia diz que nos ataques contra o coach não divide o eleitorado conservador e vai provar que Marçal é uma farsa, alguém que não é fiel aos preceitos dos apoiadores de Bolsonaro. “Quem é que disse que esse cara é de direita?”, questiona o pastor. Ele elenca brigas encampadas por seus aliados políticos que Marçal se omitiu. No fim, Malafaia faz denúncias e um alerta, que mais parece uma ameaça: “Eu quero falar uma coisa ao povo de São Paulo. O povo é o supremo poder. Se vocês querem ter um prefeito psicopata, sociopata, narcísico, bipolar, mitomaníaco, que tem mania de grandeza, o problema é de vocês”, disse.