Até poucas horas antes da eleição do novo presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), os atletas com direito a voto estavam no dilema entre escolher o ruim ou o menos pior. Acabaram indo para a segunda opção e esse apoio se revelou fundamental para a vitória do atual presidente do COB, Paulo Wanderley. Ele bateu na disputa Rafael Westrupp, presidente da Confederação Brasileira de Tênis. Um dos principais cabos-eleitorais de Westrupp era a CBF. Pela primeira vez, a entidade máxima do futebol tentou influenciar na votação. Além de declarar o voto em Westrupp, a CBF, presidida por Carlos Caboclo, organizou encontros de cartolas com direito a voto em sua sede na Barra da Tijuca.
A tabelinha COB-CBF acendeu o alerta vermelho entre os atletas olímpicos, que ficaram temerosos em ver nascer um monopólio esportivo no Brasil sob controle de uma cartolagem que não prima pela transparência e eficiência de gestão (exemplo de incompetência é o atual Brasileirão, que é favoritíssimo na disputa do título mundial de campeonato mais desorganizado do mundo). Por essa razão, os esportistas resolveram ajudar a manter Wanderley no comando do COB. Ele era o vice da entidade e assumiu a presidência após a renúncia do presidente Carlos Arthur Nuzman, que foi preso na esteira do escândalo da compra de votos para o Rio ser a sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Mesmo ligado a uma gestão com uma enorme mancha de corrupção no currículo, Wanderley era o menos pior na eleição do COB e ficará por lá por mais quatro anos.