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Maílson da Nóbrega

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Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
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Sem comunismo

A doutrina não tem raízes no modo de pensar dos brasileiros

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 4 jun 2024, 10h56 - Publicado em 28 jan 2023, 08h00
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  • BE023720 - Marx, Carl: 1818-1883. German Political Philosopher - late 19th century Credito: Bettmann/Getty Images
    BE023720 - Marx, Carl: 1818-1883. German Political Philosopher - late 19th century Credito: Bettmann/Getty Images (Bettmann/Getty Images)

    “Peço a Deus que os brasileiros não experimentem as dores do comunismo”, disse mais de uma vez o ex-pre­sidente Jair Bolsonaro. Era um alerta vazio contra o voto popular em Lula nas últimas eleições presidenciais. Influenciou, todavia, quem acreditava no “mito” e assustou os que nada entendiam do significado do comunismo. Segundo a Encyclopedia Britannica, “comunismo é uma doutrina política e econômica que visa a substituir a propriedade privada pela propriedade estatal e a economia de mercado pelo controle público dos meios de produção e dos recursos naturais da sociedade”.

    Robert Service, historiador e professor da Universidade de Oxford, no livro Camaradas: uma História do Comunismo Mundial, diz que Karl Marx e Friedrich Engels, os fundadores do marxismo, constituíram inspiração para a Revolução Russa de 1917, a qual deu origem ao comunismo e à União Soviética. Os dois se influenciaram por pensadores como Maximilien Robespierre e outros políticos radicais da Revolução Francesa. Na economia, adotaram ideias de David Ricardo e de outros estudiosos das forças do capitalismo na Grã-Bretanha. Na filosofia, sua fonte foi Georg Hegel.

    “Para as ideias de Marx e Engels vigorarem aqui, seria preciso mudar a Constituição”

    Para Service, Marx e Engels queriam ser vistos como propagadores do comunismo “moderno”, “científico” e “contemporâneo”. Achavam “que estavam vivendo o fim da era capitalista e que a era comunista estava próxima”. Rejeitavam a tese de que os verdadeiros crentes seriam recompensados com a eternidade do Paraíso. Ao contrário, “afirmavam que eles e seus sectários criariam uma sociedade perfeita aqui mesmo na Terra”.

    O compartilhamento de bens era considerado virtude por cristãos da época de Jesus Cristo. Outras seitas judias praticavam formas de igualitarismo. Cristo de certa forma pregava essas ideias, mas sem os meios institucionais para implementá-las. Pensadores posteriores afirmaram que o poder estatal deveria proporcionar o acesso equitativo à alimentação, à moradia e a recompensas e salários justos. Na obra Utopia (1516), Thomas Morus dizia que a sociedade perfeita somente seria viável mediante ordens emanadas de cima, antecipando, assim, o totalitarismo soviético.

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    Somente radicais da esquerda brasileira, uma minoria, têm essas visões. O comunismo não tem raízes no modo de pensar da sociedade brasileira. Para vigorar por aqui, seria preciso mudar a Constituição. Seu artigo 170 reza que a ordem econômica é “fundada na valorização do trabalho humano e na livre-iniciativa”. Entre seus princípios está o da propriedade privada. Com a mudança, o governo poderia confiscar as propriedades particulares e estatizar as empresas privadas.

    O sistema político rejeitaria essa alteração. Mesmo que todos os parlamentares de esquerda votassem a favor, reuniriam apenas 130 votos na Câmara e catorze no Senado. O quórum mínimo para alterar a Constituição é de 308 deputados e 49 senadores. O temor da implantação do comunismo no Brasil não faz, assim, o menor sentido. Durmamos tranquilos.

    Publicado em VEJA de 1º de fevereiro de 2023, edição nº 2826

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