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Maílson da Nóbrega

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Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
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O motivo para as reações do mercado financeiro

O mercado reagiu a declarações que sinalizam alheamento da realidade fiscal e de aspectos relevantes de políticas públicas do governo

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 4 jan 2023, 20h40 - Publicado em 4 jan 2023, 13h37
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  • Para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, só agora o mercado financeiro percebeu o estrago fiscal causado por decisões do governo Bolsonaro. Teria caído a ficha. Essa seria a explicação para a queda nas bolsas, a subida do dólar e o aumento dos juros futuros. Parece que não é isso. A transparência e a previsibilidade das contas públicas permitem identificar rumos populistas. O mercado precificou, à época, a irresponsabilidade fiscal da administração anterior.

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    Ao contrário do que disse o ministro, o mercado reagiu agora a demonstrações de risco de grave desequilíbrio macroeconômico nos próximos meses. Sempre é possível aguardar decisões concretas do novo governo para avaliar cenários. O papel do mercado financeiro é precificar efeitos de declarações oficiais sinalizadoras de rumos futuros equivocados, sobretudo para proteger aqueles que poupam e investem.

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    Na segunda-feira, houve reação ao discurso de posse de Lula, que anunciou forte intervencionismo na economia, protecionismo industrial, subsídios creditícios e outras ideias que deram errado no Brasil. Na terça-feira 3, o mau humor pode ter derivado de declarações do próprio ministro Haddad, para quem “a taxa de juros está em patamar fora de propósito”. Em países onde as regras da política monetária estão institucionalizadas – como é o caso do Brasil, incluindo a autonomia operacional do Banco Central – ministros da Fazenda não emitem opiniões sobre a taxa de juros.

    Na mesma terça-feira, causou espanto o discurso de posse do ministro do Trabalho, que prometeu introduzir mudanças no mercado de trabalho, incluindo as relações de trabalho por aplicativos e plataformas. Citou medidas sobre saúde, segurança e proteção social. O tema tem sido objetivo de ampla discussão em todo o mundo, mas até agora não surgiu uma saída satisfatória. Isso porque estamos diante de uma forte mudança provocada pela tecnologia digital, com repercussões indesejáveis no mercado de trabalho. Foi assim com a máquina a vapor, que acarretou a automação da indústria no século XIX, e da invenção do automóvel e do avião, que revolucionaram o sistema de transporte, em ambos os casos com repercussões no emprego. Mesmo assim, não houve retrocessos, que ocorreria se o mercado de trabalho por aplicativos e plataformas viesse a ser regido pela CLT.

    O dia terminou com as visões esquisitas do ministro da Previdência, para quem não existe déficit na Previdência, um discurso muito comum nos anos 1980, que havia desaparecido por ser incorreto. Dizia-se, então, que o déficit previdenciário resultava da existência de benefícios sem a correspondente contribuição previdenciária, o que na época era verdade. A saída seria transferir esses benefícios para o Orçamento da União. Ocorre que as finanças públicas não podem ser avaliadas por compartimentos estanques, mas, sim, pela soma de todos os seus componentes. Transferir o déficit previdenciário de lugar não é saída razoável, pois o problema continuará. Essas e outras esquisitices desses dois dias emitiram o sinal de que ministros do governo se guiam por visões equivocadas. É isso que assusta os mercados e influencia negativamente a bolsa, o dólar e os juros futuros.

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