Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

Na hora da verdade

O desafio maior será reduzir a rigidez orçamentária

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 4 jun 2024, 11h24 - Publicado em 5 nov 2022, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • No próximo governo, é alto o risco de piora da crise fiscal, o que vai requerer do novo presidente capacidade de mobilizar a sociedade e o Congresso em favor de duras reformas. Vale recordar Barack Obama, para quem “a capacidade de liderar um país não tem a ver com a legislação, mas com moldar atitudes, moldar a cultura, conscientizar”.

    As sementes da crise foram plantadas na Constituição de 1988 e nas suas desastrosas consequências no Orçamento da União. Nenhuma outra conspirou tanto contra o equilíbrio macroeconômico e o potencial de crescimento da economia. Era correta a ideia de atacar a desigualdade e a pobreza, mas isso foi feito via aumento de despesas, e não por medidas pró-crescimento. Muito ao contrário. Mesmo assim, ela continua endeusada pela ampliação de direitos civis, políticos e sociais. Pouco se fala na sua irresponsabilidade fiscal.

    Recentemente, o Jornal Nacional, da TV Globo, celebrou, em várias edições, as virtudes da Constituição. Nada foi dito sobre como seus desatinos fiscais contribuíram para a atual armadilha do baixo crescimento. O gasto da Previdência saltou de 4% para 14% do PIB, sob a influência também do aumento real de 170% do salário mínimo, que reajusta três de cada quatro benefícios previdenciários.

    “Em 2023 os itens obrigatórios atingirão 95% dos gastos primários. Não há paralelo no mundo”

    Entre 1990 e 2015, em termos reais, a despesa federal cresceu em média 6% ao ano. Sem rever decisões mal pensadas e sem enfrentar poderosas corporações, optou-se por acomodar essa expansão via aumento da carga tributária e, depois, por maior endividamento público. Antes do Plano Real, a inflação ajudou. No período, a economia cresceu menos da metade (2,5%). Trajetória insustentável.

    Continua após a publicidade

    Vem daí o teto de gastos. Esperava-se que o limite levaria à revisão de prioridades e, assim, à redução da relação dívida pública/PIB, evitando-se a insolvência do Tesouro. Tal não aconteceu. Em 2023, os itens obrigatórios atingirão 95% dos gastos primários. Não há paralelo no mundo. Pior, o atual governo furou o teto e ampliou despesas com objetivos eleitorais. Herança maldita. No próximo ano, mesmo que subestimando os gastos, o Orçamento indica margem insuficiente de apenas 99 bilhões de reais para despesas controláveis. O teto vai estourar de vez.

    A saída óbvia é atacar o problema mediante redução da rigidez orçamentária, restabelecendo a capacidade de gestão de políticas públicas essenciais. Do contrário, como disse Arminio Fraga, “vamos para o brejo”. Isso implica diminuir ou estagnar por muito tempo as despesas obrigatórias, que são compostas por gastos de pessoal, Previdência, saúde, educação e programas sociais. Muitos concordam com o diagnóstico, mas ninguém fala como concretizá-lo. A sociedade não comprou a ideia, o Congresso pensa apenas em orçamento secreto. Tal programa requererá liderança política transformadora. Tenho dúvida de que ela exista neste momento. Talvez precisemos da crise que se avizinha para construir o consenso em torno de ousadas mudanças.

    Publicado em VEJA de 9 de novembro de 2022, edição nº 2814

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.