Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

Imprensa e democracia

O autoritarismo do presidente foi limitado pelas instituições

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 4 jun 2024, 13h57 - Publicado em 10 jul 2020, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • No livro O Povo contra a Democracia, o cientista político Yascha Mounk diz que sistemas políticos não são eternos. A democracia ateniense durou cerca de dois séculos. Roma autogovernou-se por quase 500 anos e a República de Veneza funcionou de 697 a 1797, mais de um milênio. Todos esses regimes sucumbiram.

    A nossa democracia chegou a ser posta em dúvida com atitudes autoritárias do presidente Jair Bolsonaro e do deputado Eduardo Bolsonaro, para quem a ruptura seria apenas uma questão de tempo. Militares em posições de relevo declararam que as Forças Armadas não aceitariam um julgamento político do presidente. Temeu-se o golpe.

    “Como vou dar golpe se eu sou o presidente?”, questionou Bolsonaro. Na verdade, o receio era de um autogolpe como o do Peru, de 1992. O presidente Alberto Fujimori dissolveu o Congresso com apoio militar e “reorganizou” a Suprema Corte para formar maioria fujimorista.

    De repente, Bolsonaro mudou, começando por abandonar as falas diárias no cercadinho do Alvorada e os ataques a ministros do STF. Entre outras razões, a mudança pode decorrer das investigações que envolvem seus filhos e parlamentares mais fiéis, bem como da prisão de Fabrício Queiroz. Ou ainda de ele ter percebido a força das instituições.

    “Bolsonaro mudou, começando por abandonar as falas diárias no cercadinho do Alvorada”

    Continua após a publicidade

    Segundo o economista Douglass North, instituições são as regras do jogo que alinham incentivos para ações políticas, sociais e econômicas. Elas determinam a evolução das sociedades. As instituições podem ser formais e informais. Os partidos políticos são exemplos das primeiras; os grupos familiares, das segundas.

    No Brasil, o conceito de instituições costuma se limitar à organização política dos três poderes, com o Judiciário, o Legislativo e o Executivo. Na verdade, abrange também as empresas, a Igreja, os grupos de amizade, as entidades de educação e ensino e, destacadamente, a imprensa, que é a espinha dorsal da democracia. A imprensa constitui, com efeito, instituição fundamental. A ela cumpre informar, criticar e, sobretudo, estimular o debate. A liberdade, garantida pela Constituição, lhe permite monitorar ações do governo. Não à toa, regimes autoritários censuram a imprensa, limitando ou silenciando sua voz.

    Bolsonaro tem atacado sistematicamente a imprensa. Manda repórteres se calar em entrevistas. Determinou que um jornal fosse excluído de assinaturas do governo. Referiu-se desairosamente a uma jornalista. Mudou o horário de divulgação das estatísticas sobre a Covid-19, para que um noticiário de TV não pudesse comentá-­las. O Judiciário o obrigou a recuar. A imprensa não se intimidou, ninguém a amordaçou.

    Continua após a publicidade

    Houve outras razões, mas o Judiciário e a imprensa explicam em grande parte a mudança de Bolsonaro. Caber-lhes-á manter-se vigilantes, ao lado de outras instituições de controle, para buscar contê-lo caso reassuma a postura agressiva e autoritária anterior.

    Segundo o Datafolha, 75% dos brasileiros rejeitam um regime autoritário. Há riscos, mas a democracia resistirá.

    VEJA RECOMENDA | Conheça a lista dos livros mais vendidos da revista e nossas indicações especiais para você.

    Publicado em VEJA de 15 de julho de 2020, edição nº 2695

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.