Ao contrário do que se previa há algumas semanas, o ritmo de crescimento do PIB não desacelerou. Em termos dessazonalizados, exibiu alta de 1,4% no segundo trimestre (0,8% no primeiro). O destaque foi a indústria de transformação, que se expandiu 1,8% em comparação com a estabilidade no trimestre anterior. Esse desempenho foi influenciado pelo mercado de trabalho aquecido, que tem proporcionado ganhos reais de salários.
O segmento poderia ter crescido ainda mais não fosse o ritmo de expansão menos favorável da indústria extrativa (elevação de 1%), causada pela menor alta de seus preços e pela paralisação da extração de petróleo, em decorrência de manutenções efetuadas nas respectivas plataformas.
A agropecuária caiu 2,3%, o que já era esperado diante de fatores sazonais, particularmente porque a colheita de produtos de verão mais importantes, como a soja e o milho, ter sido concluída no primeiro trimestre. Imaginava-se que o tombo seria maior em consequência das enchentes no Rio Grande do Sul, mas, após a constatação de que a safra de verão já havia sido colhida, verificou-se que o efeito das enchentes será sentido na próxima safra, devido à sua influência negativa nos solos e na produtividade.
Os serviços, que representam a maior parte da economia (68% atualmente), cresceram 1%. O resultado tem a ver com a redução do ritmo de expansão da taxa de ocupação no mercado de trabalho e de um ritmo de crescimento menor do comércio.
Pelo lado da demanda, o destaque foi a formação bruta de capital, cuja expansão alcançou 2,1% depois do forte crescimento do primeiro trimestre, que atingiu 11%. Esse desempenho se explica pela expansão da construção civil e do consumo de bens de capital, particularmente da importação de máquinas e equipamentos. O consumo das famílias se expandiu 1,3%. No comércio exterior, as exportações cresceram 1,4%, enquanto as importações se expandiram 7,6%, um sintoma adicional de uma economia relativamente aquecida.
O desafio será manter ritmo semelhante nos próximos trimestres, particularmente no ano de 2025, quando a economia poderá enfrentar os efeitos da difícil situação fiscal e de suas consequências nas decisões de consumo e investimento.