Fim de ano, férias, feriados e Carnaval. Essa é a combinação perfeita para aumentar o número de cesáreas agendadas nos hospitais do país. Escolher pela cesárea é uma decisão da mãe, mas agendá-la pode trazer consequências tanto para o bebê quanto para a mãe.
O problema da cesárea agendada, sem indicação médica, é que ela antecipa a data de nascimento do bebê e é realizada sem que a mulher entre em trabalho de parto e não espera que o bebê dê sinais de que está pronto para vir ao mundo.
Estudo dinamarquês publicado no British Medical Journal revela que as chances de bebês nascidos de cesarianas desenvolverem doenças respiratórias são aumentadas em quatro vezes. O risco de morbidade materna também é maior entre as mulheres que fazem cesárea.
Para esclarecer as mulheres sobre o risco da cesárea sem indicação médica, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) lançou em 2015 o projeto Parto Adequado em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement (IHI).
No fim de dezembro, a agência lançou a campanha #NãoaoPartoAgendado, que tem o objetivo de lembrar às mulheres que o bebê tem seu tempo e é preciso respeitar as fases da gestação.
Entre os benefícios do parto normal estão menor risco de complicações para a mãe e o bebê decorrentes da cirurgia e indução ao aleitamento materno.
“Hoje, não há evidências científicas que justifiquem o agendamento de uma cesariana, salvo algum risco claro para a saúde da mãe e do bebê “, diz em nota a coordenadora do projeto Parto Adequado na ANS, Jacqueline Torres.
Para evitar cirurgias precoces, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou resolução em 2016 determinando que as cesáreas só podem ser realizadas a partir da 39ª semana de gestação. Antes, a entidade liberava a cirurgia a partir da 37ª semana.