O movimento dos caminhoneiros é um protesto contra um preço essencial administrado pelo Ministério das Minas e Energia, hoje com Moreira Franco. Mas o nó foi no transporte.
Mais uma vez, nossa dependência de uma malha rodoviária desde sempre mal cuidada e estrangulada veio à tona.
E cadê o ministro dos Transportes?
Quem é ele?
Você não sabe?
Nem eu.
O atual titular da pasta atende pelo nome de Valter Casimiro.
Está lá há menos de dois meses.
Chegou a compor a mesa da entrevista coletiva de quinta-feira à noite, no
Planalto.
Mal abriu a boca, mal foi notado.
É o Brasil, onde quem manda, de fato, e já há seguidos 15 anos, em ministério tão estratégico e de tamanha importância vem a ser o ex-presidiário e eterno influente Valdemar Costa Neto.
Rodovias, ferrovias, portos e aeroportos estão sob o comando dele desde o primeiro mandato do ex-presidente Lula.
Primeiro no PL, o Partido Liberal que em 2006 virou PR, de Partido da República, Costa Neto não abre mão de tão preciosa cota na Esplanada.
O Ministério dos Transportes é dele, e dele ninguém o tira.
Condenado a mais de sete anos pelo mensalão, cumpriu parte da pena em semiaberto na Papuda.
Aparece nas gravações da JBS sobre recebimento de dinheiro ilegal em campanha.
É, ainda, investigado na Lava Jato por suspeita de recebimento de propina durante as obras da Ferrovia Norte-Sul (Odebrecht).
Sem mandato nem cargo na direção do partido, tem sido interlocutor frequente de Temer.
Há apenas quatro dias, quando o movimento dos caminhoneiros já fervia, os dois conversaram no Planalto.
Assim como conversaram no fim do ano passado, quando Temer desistiu da privatização do aeroporto de Congonhas.
Logo em seguida, por pura coincidência, 26 dos 39 deputados do PR votariam contra a investigação da segunda denúncia contra Temer no Supremo.
Costa Neto nega que sua moeda de troca tenha sido Congonhas.
Nunca negou ter ficado feliz com a decisão, que custou uns R$ 6 bilhões aos mesmos cofres públicos agora chamados a subsidiar também o diesel.
O atual presidente do partido de Valdemar é Antonio Carlos Rodrigues, que foi ministro dos Transportes de Dilma Rousseff
Ele também tem, no currículo, passagem por Benfica.
Ficou preso pouco menos de um mês no ano passado, acusado de crime eleitoral via doações da JBS, nas mesmas investigações de campanha que levaram à cadeia o ex-governador do Rio, Anthony Garotinho.
Três dias antes do Natal, os dois foram soltos.
Por ordem de Gilmar Mendes.