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Varicocele: problema na adolescência pode levar à infertilidade masculina

Iniciativa da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) busca conscientizar adolescentes a irem ao médico, inclusive para se precaver dessa doença

Por Daniel Suslik Zylbersztejn*
Atualizado em 12 set 2024, 16h55 - Publicado em 12 set 2024, 16h54

A campanha #VemProUro foi criada para marcar nas mídias sociais uma inédita campanha nacional de conscientização da saúde do adolescente masculino, lançada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) em setembro de 2018, mês do adolescente, e repetida desde então. A idealização dessa disruptiva iniciativa aconteceu após a observação de uma disparidade na atenção à saúde dos meninos e das meninas.

Os dados de atendimentos gerais dos adolescentes no Sistema Único de Saúde (SUS) corroboram a constatação de que os jovens meninos não têm a sua saúde cuidada da forma adequada. Números de 2020 do Sistema de Informação Ambulatorial (SIA) do Ministério da Saúde mostram que o acesso das meninas entre 12 e 19 anos ao SUS foi quase 2,5 vezes maior que o dos meninos: 10.096.778 de meninas ante 4.066.710 de meninos.

Ao se comparar a ida das meninas de 12 a 18 anos ao ginecologista e a dos meninos ao urologista, a discrepância é ainda maior: elas procuram 18 vezes mais atendimentos que eles. Estudo realizado pela SBU em escolas do nosso país mostra que menos de 4% dos adolescentes vão rotineiramente ao médico, taxa essa corroborada por um estudo epidemiológico feito pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC) em 2010, o mais importante órgão de controle de saúde dos Estados Unidos.

Sem dúvida alguma, essa discrepância está na gênese da realidade que leva as mulheres a viver em média 7 anos a mais que os homens em nosso país. A completa falta de cultura da visita rotineira ao médico desde a adolescência pelos meninos gera adultos sem a devida preocupação e sem os cuidados de promoção de saúde e de prevenção de doenças necessárias para a aquisição de uma vida longeva com qualidade.

A #VemProUro é uma campanha abrangente, tendo como objetivo principal mostrar a importância de consultas periódicas com algum médico focado na saúde do adolescente masculino, seja ele urologista, hebiatra, clínico geral, médico de família ou qualquer outra especialidade médica, desde que o profissional da saúde tenha o perfil adequado para atender essa parcela importante da população.

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A SBU acredita que, ao se criar o hábito das consultas médicas desde a adolescência, esses meninos terão na sua vida adulta ganhos imensuráveis quanto a sua saúde em geral. Este ano, a #VemProUro traz dados inéditos do Ministério da Saúde sobre uma doença muito prevalente nos adolescentes e a principal causa de infertilidade masculina: a varicocele, que representa 40% das causas de infertilidade masculina primária e até 80% das causas de infertilidade secundária.

Não por acaso, nos últimos seis anos (2019 a junho de 2024), a varicocele gerou cerca de 6.000 consultas com quase 14.000 internações para correção cirúrgica no SUS. A maioria desses dados compreendem a faixa etária de 31 a 40 anos, justamente a fase mais prevalente de o homem iniciar as tentativas de gravidez de suas parceiras.

Por dentro da doença

A varicocele é caracterizada pelo aparecimento na adolescência da dilatação das veias testiculares com a presença de refluxo sanguíneo, gerando um aquecimento testicular crônico que pode acarretar com o tempo prejuízo na produção quantitativa e qualitativa dos espermatozoides, levando em última instância à infertilidade masculina.

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Classificada pelos graus I, II ou III no exame físico, raramente apresenta sintomas de dor ou desconforto, passando anos sem ser diagnosticada caso o adolescente não seja avaliado em um exame físico da região dos genitais durante a puberdade. Na grande maioria das vezes, ela acaba sendo detectada tardiamente, anos depois do seu aparecimento inicial, quando já está estabelecida a infertilidade conjugal.

O impacto da varicocele no potencial reprodutivo dos homens é imenso. A prevalência da doença clínica (grau II ou III), aquela que gera prejuízo à função testicular, chega a 25% na população total de adolescentes e, a cada 100 meninos com varicocele clínica, cerca de 20 deles podem ter como consequência final a infertilidade.

O tratamento é sempre cirúrgico, devendo ser indicada apenas quando existe, na avaliação do exame físico e laboratorial, prejuízo inequívoco ao desenvolvimento do volume testicular e à produção de espermatozoides no adolescente com o seu eixo hormonal já bem desenvolvido.

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Cabe destacar que a varicocele é apenas uma das doenças que podem aparecer na vida do adolescente, entre tantas outras situações e dificuldades orgânicas, sociais e emocionais pertencentes a essa fase. E você? Já levou seu filho ao médico para uma avaliação?

* Daniel Suslik Zylbersztejn é urologista e coordenador do Departamento de Urologia do Adolescente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e idealizador da campanha #VemProUro

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