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O papel indispensável do nutricionista, segundo um nutrólogo

No Dia do Nutricionista, médico reforça parceria entre profissionais como o melhor caminho para cuidar da alimentação e da saúde

Por Mauro Fisberg*
Atualizado em 13 Maio 2024, 22h28 - Publicado em 31 ago 2023, 08h35

Sempre me perguntam qual é a diferença entre um nutricionista e um nutrólogo. E eu sempre respondo com a fórmula padrão: o nutrólogo é um médico com especialização ou residência em Nutrologia, com título de especialista por associação credenciada, enquanto o nutricionista é um profissional de carreira específica, formado em Nutrição e apto a organizar o planejamento dietético, podendo ter diferentes especializações, como cuidado materno e infantil, atuação hospitalar ou em restaurantes e serviços de alimentação.

Em resumo, o nutrólogo é um clínico que faz diagnóstico e propõe tratamento para doenças ligadas ou relacionadas à alimentação (carências, excessos, deficiências e consequências). O nutricionista faz o plano terapêutico com dietas e orientações sobre a alimentação, individualmente ou para populações.

Mas no fundo eu sei que, mais do que diferenças, existem aspectos complementares entre essas duas atuações. O médico não é nada sem o apoio de um plano e das recomendações que um nutricionista pode fornecer. O nutricionista depende de um bom diagnóstico e do apoio médico para poder orientar.

Muitos dos meus colegas, dos dois grupos, vão argumentar que isso não é necessariamente uma verdade, mas, após muitas décadas de trabalho comum, desde o meu primeiro projeto quando ainda era aluno de internato na Escola Paulista de Medicina, já trabalhava com essa visão ao lado de nutricionistas em ações em favelas (ainda eram assim chamadas), creches, escolas e comunidades.

Quando voltei de meu período fora do país, como bolsista da United Nations University, ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), comecei a orientar estágios em saúde pública pediátrica, com muitos alunos de nutrição se revezando em períodos curtos, mas profícuos.

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No projeto de doutorado que desenvolvi na cidade de Rio Claro, nutricionistas da cidade e estagiárias de nutrição da vizinha Campinas determinavam o rumo da boa nutrição de milhares de crianças em creches e pré-escolas. Memorável o dia em que viemos a São Paulo, em ônibus fretado pela prefeitura, com dezenas de profissionais para apresentar os resultados do projeto no I Congresso Mundial de Nutrição Infantil.

Em muitos e muitos projetos que desenvolvi em minha carreira, não dava para separar o trabalho do médico e o do nutricionista, seja em laboratório, em desenvolvimento de produtos para alimentação enriquecidos com ferro ou vitaminas, seja na avaliação do estado de crescimento e desenvolvimento de crianças. Ainda mais nos programas de educação para famílias e crianças em risco. Da desnutrição mais grave ao paciente com excesso de peso, nossas tarefas se mesclavam, fluíam e se completavam.

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O nutricionista pode desempenhar várias funções segundo os diferentes conselhos de nutrição do país: na área clínica, o profissional é responsável por prescrever, avaliar e supervisionar dietas, bem como planejar programas de reeducação alimentar específicos para cada tratamento. Já na administração de Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN), atua na escolha, compra, estoque, higiene e preparação de alimentos em cozinhas industriais. Além disso, é responsável por treinar e supervisionar o trabalho do pessoal da cozinha em restaurantes de empresas, escolas, hospitais e firmas especializadas em alimentação.

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Na área de marketing, o nutricionista pode organizar cozinhas experimentais, coordenar pesquisas de produtos, fazer testes de receitas e atender o consumidor. Já na área de pesquisa e inovação, pode trabalhar em laboratórios, universidades e centros científicos, investigando os nutrientes e as propriedades dos alimentos, bem como estudar hábitos alimentares e o estado nutricional da população. O nutricionista pode, assim, desempenhar papéis tanto em consultas individuais como na criação de políticas públicas.

A vida toda trabalhei com nutricionistas, orientei teses de mestrado e doutorado, e alguns alunos que fizeram estágio comigo hoje são professores famosos em universidades brasileiras e no exterior. Nunca me preocupei em pensar que as duas profissões pudessem estar em conflito, com a responsabilidade da Lei do Ato Médico ou as normas dos conselhos de nutrição. Trabalhávamos muito e sempre em conjunto, desenvolvendo programas para o bem-estar da criança, do adolescente e da população adulta do Brasil e da América Latina.

31 de agosto é o Dia do Nutricionista. Daí a obrigatória homenagem que devemos prestar a esses e essas profissionais polivalentes, que cuidam do nosso desenvolvimento, da nossa longevidade, da prevenção e do controle de doenças. Que cuidam do nosso presente e do nosso futuro.

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Como médico, eu não viveria sem os nutricionistas apoiando nossos diagnósticos e tratamentos, sem que eles fossem a flecha para o arco traçado por políticas públicas. Talvez a maior homenagem que eu possa fazer para essa categoria é dizer que sou casado com uma. Uma nutricionista que  apóia, decide e orienta. Na vida pessoal e na profissional.

E, para não dizer que não falei das flores, esta semana comemoramos o Dia do Psicólogo (27 de agosto) e, 1 de Setembro, temos o Dia do Profissional de Educação Física. Querem mais complementaridade que isto?!

* Mauro Fisberg é pediatra e nutrólogo, coordenador do CENDA – Centro de Excelência em Nutrição e Dificuldades Alimentares do Instituto Pensi/ Sabará Hospital Infantil e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

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