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Letra de Médico

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O fator de risco para o coração ignorado pelos brasileiros

Doença crônica está relacionada a problemas como infarto e acidente vascular cerebral; pesquisa com 1.765 pessoas apontou desconhecimento da população

Por Maria Cristina Izar*
13 nov 2025, 08h00

Diabetes não é uma doença incomum para os brasileiros, atingindo 10% dos adultos, 11,1% entre mulheres e 9,1% entre homens e 33% em pessoas com mais de 65 anos, segundo o Ministério da Saúde. Mas, apesar disso, 47,7% dos entrevistados em uma pesquisa inédita da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) desconhecem uma de suas principais consequências de se conviver com este mal: os danos cardiovasculares.

Diabetes é uma doença crônica que se caracteriza por níveis acima do normal de açúcar na corrente sanguínea. Isso ocorre se o pâncreas não produz insulina suficiente ou quando o corpo não a utiliza corretamente. A insulina é essencial para que a glicose seja transformada em energia. Caso haja uma falha nesse processo, a glicose se acumula no sangue, levando a uma série de complicações, incluindo as cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

Neuropatia (lesão nos nervos), nefropatia (lesão nos rins), retinopatia (lesão nos olhos), amputações (membros inferiores) estão entre outras graves decorrências do diabetes fora de controle.

Na pesquisa, entre os oito fatores mais comuns que podem levar às doenças cardiovasculares (DCVs) – má-alimentação, obesidade, hipertensão, sedentarismo, colesterol elevado, fumo e distúrbios do sono – o diabetes só “perdeu” em relação ao desconhecimento para o sono, denotando que a maioria não relaciona o diabetes como um atalho para problemas cardiovasculares.

O levantamento também apurou que 12,4% dos respondentes não sabiam mencionar os sintomas do diabetes: 48,3% afirmaram identificar por viverem com a doença e 39,3% por terem familiares com diabetes. Boa parte das manifestações do diabetes é confundida com outras questões de saúde ou mesmo negligenciadas como sendo algo que “vai passar”. A pesquisa ouviu 1.765 pessoas, sendo 56,6% mulheres e 43,4% homens, em cidades do interior e litoral do Estado de São Paulo e na capital paulista.

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Entre os sintomas mais clássicos, estão: sede constante, vontade frequente de urinar, fome excessiva, fadiga, visão embaçada, cicatrização lenta de feridas, infecções (pele, gengiva e trato urinário) e formigamento ou dormência nas mãos e pés – a neuropatia periférica, mais frequente em estágios avançados do diabetes tipo 2.

Estima-se que cerca de 20 milhões de brasileiros convivam com diabetes tipo 2, a versão mais popular. Ela acomete principalmente adultos e surge devido a condições como obesidade, histórico familiar e sedentarismo. Até 80% daqueles com diabetes morrem por causas relacionadas às doenças cardiovasculares.

Obesidade, dieta não saudável e falta de atividade física na rotina são alguns fatores que desencadeiam o tipo 2 da doença, o mais recorrente e que responde por 90% dos casos. Já o diabetes tipo 1, atinge de 5 a 10% da população com diabetes e se caracteriza pelo próprio organismo atacar as células do pâncreas. É mais comum em crianças e adolescentes e requer administração de insulina diária.

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E há também o diabetes gestacional, que surge durante a gravidez e tende a desaparecer após o parto. Porém, quem passa por essa experiência tem risco alto para desenvolver diabetes tipo 2 no futuro.

Novos tratamentos

Até pouco tempo, a aplicação de insulina era uma das poucas “armas” para conservar os níveis de glicose dentro dos parâmetros normais, além da prática de atividade física e dieta. Atualmente tenta-se evitar o uso da substância, que leva ao aumento do apetite e do peso corporal, sem benefícios cardiovasculares.

E entram em cena os chamados agonistas e análogos de GLP-1, as canetas antiobesidade e contra diabetes, medicamentos que modificam a história natural do diabetes e oferecem controle glicêmico, perda de peso, proteção cardiovascular, renal e reduzem eventos cardiovasculares, mesmo em quem não tem a doença e utiliza para combater a obesidade.

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A outra novidade são os inibidores do transportador sódio/glicose (inibidores de SGLT2). Eles agem bloqueando a reabsorção de glicose, promovendo sua eliminação pela urina e impedindo que volte à corrente sanguínea. Assim como os agonistas e análogos de GLP-1 também oferecem proteção cardiovascular, renal e reduzem mortalidade.

Mas todos os procedimentos devem respeitar orientação médica porque cada paciente necessitará de um tipo de conduta. É importante ressaltar que estamos diante de uma doença que exigirá monitoramento constante, independentemente de ser sintomática ou não. A ausência de sintomas, aliás, estimula o paciente a interromper o tratamento, o que é um erro grave. O diabetes progride em silêncio e, quando se manifesta, é tarde demais para evitar os piores desfechos.

A adoção de hábitos saudáveis é o melhor caminho para evitar a doença: alimentação saudável (menos açúcar, ultraprocessados e fast food e mais consumo de frutas, legumes, alimentos integrais etc.); pelo menos 30 minutos de atividade física três vezes por semana; controlar o peso; não fumar; não tomar bebida alcoólica em excesso; beber muita água e ter sono de qualidade.

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Entender a gravidade dessa doença é o primeiro passo para mantê-la controlada ou à distância.

*Maria Cristina Izar é cardiologista, presidente da Socesp (biênio 2024/2025) e professora adjunta livre docente da Disciplina de Cardiologia da Universidade Federal de São Paulo

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